O crescimento económico dos últimos meses, que ontem foi confirmado pelos dados do Instituto Nacional de Estatística, deixou o PSD desconcertado. O desastre não está aí, nem o diabo, ao contrário das previsões apocalípticas que proclamaram como inevitável a continuação da política de cortes nos rendimentos de trabalhadores e pensionistas.
Mas há uma dúvida que persiste com os dados ontem divulgados: de que níveis de crescimento estaríamos a falar se o País não permanecesse atado às imposições da União Económica e Monetária e à bola de ferro que é o peso da dívida e dos seus juros?
O Governo estima que o investimento público, neste ano, desça abaixo do nível de 2014, o mais baixo desde, pelo menos, 1995. Mesmo para 2017, o Orçamento do Estado prevê uma ligeira subida, mas ainda muito longe dos valores anteriores a 2011.
Valores que se explicam, em primeiro lugar, com os cortes na despesa pública impostos por Bruxelas e aceites pelo Governo do PS. Falamos de 1,5 mil milhões de euros que no próximo ano são canalizados para o cumprimento das metas europeias e não para a economia, para os serviços públicos, para a valorização dos trabalhadores do sector público.
Por outro lado, os juros a serem pagos pela dívida pública (que continua a crescer) não descem abaixo dos 8 mil milhões de euros anuais. Uma verba que permitiria multiplicar por 40 a actualização das pensões prevista na proposta do Governo.
Com o Executivo indisponível para uma ruptura com as amarras que impossibilitam a execução plena de uma política económica que dê resposta aos problemas do País, só podemos perguntar: o que seria?
Mas há outra pergunta a responder: o que seria se o PSD e o CDS-PP se mantivessem no governo? A esta, sabemos a resposta.
Estaríamos a discutir sobre quem incidiria o corte de 600 milhões de euros nas pensões em pagamento, e não um aumento extraordinário, por insuficiente que seja; a falar do fim da sobretaxa do IRS em 2019, e não a discutir se é no início ou no fim de 2017; a assistir à pressão das confederações patronais para que o salário mínimo não fosse aumentado, e não para que o aumento fique abaixo da proposta do Governo.
O último ano mostrou que não é inevitável a continuação dos quatro anos que nos tornaram mais pobres. Mas os profundos efeitos da governação do PSD e do CDS-PP exigem uma resposta mais funda, que enfrente as imposições europeias e o garrote da dívida.
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