Um Metropolitano em ruptura…

Estes problemas não surgem do nada. Nem tão pouco das greves e plenários dos trabalhadores, como a administração tentou apregoar. Há cinco anos que a empresa está proibida de contratar trabalhadores operacionais.

Uma das consequências das perturbações na ciculação do Metro de Lisboa é o aumento dos intervalos entre os comboios Créditos
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São constantes os problemas sentidos pelos utentes do Metropolitano de Lisboa. O encerramento de 18 postos de vendas, a diminuição do número de carruagens na linha verde, o aumento do tempo de intervalo entre comboios, a diminuição da velocidade de circulação de 60 para 45 Km/h, a degradação da manutenção e limpeza dos comboios e estações, são vários exemplos à vista no dia-a-dia.

A recente ruptura do stock dos cartões Lisboa Viva, responsável por inúmeros constrangimentos, a começar pelas longas filas de espera dos utentes, que passaram a ter de adquirir os títulos nas bilheteiras (onde nem sempre se encontram funcionários), foi outro dos problemas. A escalada de preços dos passes sociais e dos bilhetes e a falta acessibilidades para pessoas com deficiência são outras queixas dos utentes.

Estes problemas não surgem do nada. Nem tão pouco das greves e plenários dos trabalhadores, como a administração tentou apregoar. Há cinco anos que a empresa está proibida de contratar trabalhadores operacionais, faltando quase 50 maquinistas nos quadros e outros tantos trabalhadores das estações, e umas dezenas na manutenção das infraestruturas e do material circulante. Empurraram-se mais de 300 trabalhadores para «rescisões amigáveis» e para o desemprego.

Os trabalhadores do metro têm levado a cabo uma intensa luta precisamente para que se admitam mais trabalhadores, e para que o serviço público melhore. Os problemas são cada vez mais graves, mas não são tomadas medidas.

As duas dezenas de carruagens do Metro de Lisboa deram nos últimos dias o mote para que a Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa assinalassem «20 dias de luta», numa volta pelas estações do metropolitano da capital.

Os utentes protestaram contra as constantes perturbações na circulação. «Todos os dias quem vive, trabalha ou visita Lisboa é confrontado com problemas falhas e interrupções na circulação. O jogo das "perturbações na linha" parece um jogo de azar viciado em que o utente perde sempre», referiu a Comissão de Utentes no início da campanha.

Em reunião da Câmara de Lisboa, os vereadores do PCP apresentaram uma moção a apelar à pronúncia da autarquia junto do Governo, da administração do Metro e da população, «no sentido de se opor ao encerramento da estação do Metropolitano de Arroios, quaisquer que sejam os moldes ou termos, e a defender a reintrodução das quatro carruagens por composição, até à realização das necessárias obras de alargamento que permitam a introdução das seis carruagens» (lembrar que a quarta carruagem foi retirada em 2012). O documento foi chumbado pela maioria PS e a abstenção do PSD e do CDS-PP.

É preciso lembrar que, recentemente, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa ratificaram a proposta de Acordo de Empresa. Sentiram como uma vitória poderem accionar e regulamentar as suas condições, vendo reposta a contratação colectiva.

No entanto, continuam a afirmar que é preciso que o Governo retire da proposta de Orçamento do Estado as limitações à contratação colectiva e à admissão de mais trabalhadores.

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