O dia em que os norte-americanos foram às urnas chegou e, com ele, terminou o show degradante da longa campanha eleitoral. Depois de terem sido gastos quase 3 mil milhões de dólares apenas nas campanhas para a presidência, para a Câmara dos Representantes e para o Senado, Donald Trump foi eleito.
Os resultados eleitorais mostraram muito do que é hoje este sistema político, como já a campanha o tinha feito.
O coração do imperialismo atravessa uma grave crise, é inegável. A mudança prometida por Obama há oito anos foi-se esfumando, as desigualdades e os problemas permanecem. As vítimas da crise económica e social não tiveram na administração cessante, de que Hillary Clinton foi parte, as respostas necessárias.
Mas se as expectativas de há oito anos se viram defraudadas, qualquer vislumbre de mudança com a vitória do bilionário outsider e anti-establishment deverá seguir o mesmo caminho. Os nomes que já circulam como potenciais candidatos aos lugares numa administração Trump são mais do mesmo, seja Rudy Giuliani, o antigo Mayor de Nova Iorque, Chris Christie, governador de Nova Jérsia, ou Sarah Palin, ex-governadora do Alasca e candidata à vice-presidência em 2008.
Tudo indica que, também na política externa, o novo inquilino da Casa Branca não leve consigo ramos de oliveira, antes prossiga ou aprofunde a política belicista, que tem na agressão à Síria o último capítulo de um longo registo de intervenções na Líbia, no Iraque, no Afeganistão, na Jugoslávia ou no Vietname.
Não que a sua adversária desse garantias de ruptura com essa política externa. Pelo contrário, Hillary Clinton foi protagonista da política norte-americana durante dez anos ininterruptos: como primeira-dama, entre 1993 e 2001; senadora, entre 2001 e 2009, e secretária de Estado, entre 2009 e 2013. Um registo, com a destruição da Líbia como a sua obra-prima, que muito terá contribuído para o desfecho eleitoral.
A vida não começou nem acabou na última terça-feira. Se nada podemos esperar da eleição de Trump, cabe às forças progressistas dos EUA e a todos os que combatem o imperialismo e as suas guerras, a luta pela alternativa aos Trumps e Clintons desta vida.
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