Durão Barroso sente-se injustamente discriminado pela Comissão Europeia (CE), uma instituição onde a marca de qualidade das suas principais figuras assenta num percurso servil na defesa intransigente dos interesses das transnacionais e da alta finança, com a consequente promiscuidade que se estabelece entre as políticas promovidas pela União Europeia (UE) e os interesses do grande capital.
De facto, basta espreitar apenas o papel de algumas personalidades para ficarmos esclarecidos: Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, oriundo da Goldman Sachs (GS); Mario Monti, antigo comissário europeu, veio igualmente dos quadros da GS; Jean-Claude Juncker, actual presidente da CE, negociou acordos secretos com multinacionais, enquanto primeiro-ministro do Luxemburgo, oferecendo-lhes regimes tributários mais favoráveis...
Mas o PSD também tem fortes razões para sair em defesa de Durão Barroso. O partido de Passos Coelho tem sido um activo importante dos grandes interesses económicos, nomeadamente com a política de privatizações que promoveu, durante o anterior governo, de rentáveis e estratégicas empresas públicos nacionais e com o papel activo que tem desempenhado em Portugal na operação de pressão e chantagem que as instituições europeias têm promovido em torno das políticas do actual Governo e da aprovação do próximo Orçamento de Estado. Aliás, na sua justa medida, o PSD tem sido um pequeno alfobre de quadros da GS: António Borges, que acompanhou na gerência do anterior governo o processo de privatizações e de renegociação das parcerias público-privadas; José Luís Arnaut, que acompanhou os processos de privatização da REN e da ANA, para além do ex-governante e actual comissário europeu Carlos Moedas.
Como se vê, os tentáculos da Goldman Sachs têm uma enorme abrangência no papel que estas e outras instituições desenvolvem, nomeadamente em países da UE, como a Grécia e Portugal.
Mas estão longe de ser caso único. Podemos falar do acordo de comércio livre entre a UE e os EUA, negociado em segredo para os deputados do Parlamento Europeu mas com o conhecimento dos lobbies das transnancionais. Mas também da compra da Monsanto pela Bayer, quando sabemos que: existe uma directiva da UE que proibe, a partir de 2018, o uso do glifosato, um produto comercializado pela Monsanto e cuja utilização em Portugal foi alvo de um intenso debate público e parlamentar; a Bayer pretende impor ao mercado um produto similar mas com custo muito superior.
Razão tem Durão Barroso: porquê eu?
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui