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|mobilidade e transportes

As ligações aéreas Lisboa-Porto e a demagogia

Entrou na AR um Projecto de Resolução do BE que «Recomenda a Substituição Progressiva e total dos Voos domésticos em Portugal continental e a criação de Alternativa de Ligação Ferroviária». Outras obras similares serão de esperar de origens igualmente demagógicas e irresponsáveis.

Vamos seguir as agruras do próprio Projecto de Resolução. O mesmo começa por dizer que «na realidade do território português, a aviação é essencial para a ligação às e entre as ilhas das regiões autónomas e como tal deve ser assegurada a devida resposta de transporte aéreo. Já no que respeita ao território continental de Portugal, verificamos que os três aeroportos (Porto, Lisboa e Faro) se encontram a distâncias relativamente curtas e com a potencialidade de as ligações ferroviárias as substituírem com qualidade e, nalguns casos, mesmo com relativa rapidez. Deste modo, consideramos que essa definição de prioridade ao caminho-de-ferro deve ser assumida e deve começar uma reorganização para a substituição, redução e finalmente interdição de ligações aéreas entre estes três aeroportos.» 

Até aqui, e com excepção daquele última interdição, a coisa é pacífica. Pouca gente não estará de acordo, e aliás é mesmo isso que está decidido fazer. Mas depois começa o disparate, na parte resolutiva: 

Propõe o BE: «1 - Garantir a substituição progressiva, e total até 2026, das ligações domésticas entre os aeroportos de Porto e Lisboa e entre os aeroportos de Lisboa e Faro por ligações ferroviárias reforçadas, rápidas e preços acessíveis.» Até 2026? Como? Só Lisboa-Porto são 10 voos diários. Não existem nem os comboios nem a infra-estrutura para tal! E não vai existir, como o BE sabe muito bem. Os actuais comboios que podem circular a uma velocidade alta (os 220 Km/h dos Alfas) são poucos e estão sufocados numa linha que não lhes permite desenvolver essa velocidade. E já circulam quase cheios e sem capacidade de aumentar a oferta. A CP está a começar agora o processo de aquisição de 16 novos comboios de alta velocidade, que permitirão de facto aumentar a oferta, mas os comboios nunca chegarão até 2026 (e seria mais útil insistir na necessidade de acelerar essa compra, ou aos ritmos normais ela nem estará decidida em 2026). A nova infra-estrutura, a nova ligação de alta velocidade Lisboa-Porto está agora a começar a ser construída e nunca estará pronta em 2026. 

«Os actuais comboios que podem circular a uma velocidade alta (os 220 Km/h dos Alfas) são poucos e estão sufocados numa linha que não lhes permite desenvolver essa velocidade. E já circulam quase cheios e sem capacidade de aumentar a oferta.»

E depois temos o problema do aeroporto, pois os comboios não param no aeroporto, o que acrescenta tempo de ligação e dificuldades de acesso. Só com a construção do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) no Campo de Tiro de Alcochete (CTA) e a ligação ferroviária de alta velocidade a passar dentro do aeroporto antes de entrar em Lisboa (como propôs publicamente o PCP em Janeiro, e já várias vozes apoiaram desde então) é que o país está verdadeiramente preparado para esse passo.  

Falar em 2026 é pura demagogia. Quem o faz sabe que não é uma proposta séria. Pode satisfazer algum nicho do mercado eleitoral, mas serve de pouco ao ambiente. 

Mas o golpe final na demagogia é que o próprio Projecto de Resolução comporta uma excepção à parangona de jornal. Diz o BE que «devem ser excluídas destas limitações os voos que sirvam de escala para voos com origem ou destino internacional ou nas regiões autónomas.»

Ora, acontece que, estando o hub da TAP em Lisboa, todos os voos Lisboa-Porto da TAP servem para alimentar esse hub. A SATA não voa todos os dias do Porto para a Terceira, e usa os voos da TAP para essa ligação. Mesmo sem o hub, naturalmente não partem de todos os aeroportos nacionais voos para todos os destinos internacionais. E os voos que sirvam de ligação a esses, de acordo com o próprio projecto do BE, podem realizar-se. Ou seja, o BE propõe o fim de todos os voos Lisboa-Porto (título de jornal conseguido! Votos do mercado clima zero bem encaminhados!) excepto, em letra pequena, todos os voos Lisboa-Porto que se realizem (não vá alguém levantar objecções à proposta, nomeadamente no Norte, nas Ilhas, na TAP, etc.). Brilhante! E de uma seriedade a toda a prova!

Tudo em nome do ambiente, mas na realidade prejudicando a causa do ambiente pois coloca-a fora da racionalidade. E não há nada mais racional do que ter uma política de infra-estrutura e transporte que coloque as preocupações ambientais no seu centro. 

É também pelo Ambiente que é fundamental: (1) Que a CP compre rapidamente os 16 comboios de alta velocidade (sem comboios a ferrovia não é opção), (2) Que a nova infra-estrutura ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto seja concretizada (sem linhas, não há por onde fazer circular comboios); (3) Que se construa o NAL no CTA, com uma estação da linha de alta velocidade no novo aeroporto e colocada antes da entrada em Lisboa pela nova ponte Barreiro-Lisboa, assegurando ligações ferroviárias rápidas e práticas a todo o país.

Dá tudo um pouco mais de trabalho do que declarar «A partir de 2026 ficam proibidos todos os voos Lisboa-Porto... excepto os que se fizerem». Mas é capaz de contribuir mais para a descarbonização... Mesmo que ser sério resulte nalguma acusação pouco séria de estar a procrastinar... como a que a comunicação social dominada amplificou esta semana. 

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