E se esquecermos tudo o que aconteceu?!

Sendo necessários muito mais avanços nas políticas desenvolvidas, não deixam de ser curiosas as vozes que se levantam da direita. Parece que os argumentos do défice e da falta de dinheiro nunca foram um problema seu...

Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, com Assunção Cristas, presidente do CDS-PP
Créditos / Revista Sábado

Podemos dizer que o panorama político hoje é de alguns avanços, nomeadamente no que diz respeito à reposição de rendimentos e direitos, mas ainda de várias limitações para o que seria necessário fazer. Aqui, a chantagem das instituições europeias contam indubitavelmente como um constrangimento, que o Governo do PS não assumiu ainda ultrapassar.

Sendo preciso muito mais, não deixam de ser curiosas as vozes que se levantam da direita e as afirmações que proferem.

Luís Montenegro recuperou a frase de Jorge Sampaio, no tempo de Manuela Ferreira Leite como ministra das Finanças: «Há mais vida para além do défice». Afirmou, ainda, que «a redução do défice deve ser feita pelo crescimento da economia, pela redução da dívida, pelo corte das despesas supérfluas da administração» e não «à custa do aumento de impostos, do protelar dos pagamentos ou de cortes cegos». Passos Coelho fala da falta de investimento público, lamentando que o argumento seja ... a falta de dinheiro e critica também a decisão do Governo de fazer a reposição dos rendimentos toda num ano, em linha com a tese do "aguentam, aguentam"!

Também Assunção Cristas veio falar de crescimento anémico, diminuição de investimento e crescimento débil, defendendo que o país não vive o contexto ideal para «políticas mais generosas».

Parece que vale tudo para o PSD e o CDS-PP, agora que se perspectiva a reposição de alguns direitos, ainda que não falemos de grandes avanços... até vale fingir que nunca se governou como governou, insultando assim a memória dos portugueses e as consequências negras que sofreram.

Até parece mentira ouvi-los hoje, quando nos lembramos que eles formavam o governo que fez recuar o PIB mais de 5,5 pontos percentuais, que levou a um recuo brutal do investimento público e privado, que concretizou uma imemorável destruição de emprego e que procedeu a uma gigantesca política de concentração da riqueza, a que se chamou política de austeridade. Que foi precisamente um governo que usou o défice como desculpa para impor as medidas mais negativas, sem sequer cumprir os seus próprios objectivos. Uma governação durante a qual as dívidas, pública e externa, se situavam entre as maiores do mundo.

Isto enquanto foram disponibilizados à banca privada milhões de euros de recursos públicos, desviados 7 a 9 mil milhões de euros pod ano para pagamento dos juros da dívida pública, concedidos largos milhares de euros de apoios e benefícios fiscais ao grande capital e se desenvolviam os negócios dos contratos SWAP e das Parcerias Público Privadas. Aliás, foi precisamente o pretexto da falta de dinheiro que justificou a venda ao desbarato de empresas públicas, a degradação dos serviços públicos e o corte nos rendimentos.

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