O Estado da Nação

De onde vimos, para onde vamos

O desenvolvimento do País exige quebrar as grilhetas que atrasam o progresso e a afirmação da soberania e da independência nacionais

A Assembleia da República debate hoje o Estado da Nação, um dia depois do apuramento da selecção nacional de futebol para a final do Europeu de França. As cabeças que já estão em Domingo, no jogo de Paris, são chamadas à realidade do nosso país.

Décadas de governos e de políticas que foram tomando opção pelos grandes interesses económicos e financeiros construíram um resultado que não se altera de um só golpe. O empobrecimento do País e o desaparecimento ou deslocalização dos sectores-chave da economia são hoje uma realidade indesmentível e as consequências no plano político, social, económico e cultural são evidentes.

Sectores inteiros desapareceram, particularmente na indústria, ou definham, como a agricultura e as pescas, por responsabilidade dos governos que conduziram os processos de privatização, com a ajuda da integração na CEE, na União Europeia e no Euro. Tudo isto fez de Portugal um país mais dependente e estrangulado pelos constrangimentos de Bruxelas, menos capaz de responder às reais necessidades do seu povo.

Uma realidade que foi agravada com a troika e com o governo de Passos Coelho, em que as armas foram apontadas aos serviços públicos, aos direitos e rendimentos dos trabalhadores e pensionistas, a tantos sectores económicos e da população portuguesa.

Mas este foi o caminho rejeitado nas últimas eleições legislativas que deram ao Parlamento uma outra composição. Um resultado que permitiu a actual solução política, com prioridade para a recuperação de rendimentos – salários, pensões ou outras prestações sociais – e direitos, como as 35 horas de trabalho semanal na Administração Pública.

O caminho trilhado até agora vai acertando a agulha, olhando para a justiça social, o desenvolvimento e o progresso. Mas a factura de anos e anos, e particularmente de quatro anos e meio de um governo que se orgulhava de «ir além da troika», necessita de uma resposta mais efectiva, só possível enfrentando os défices estruturais que afectam o País e os constrangimentos que funcionam como bolas de ferro que nos vemos obrigados a arrastar.

O desenvolvimento do País exige quebrar as grilhetas, como o peso da dívida, que atrasam o investimento público. Exige a afirmação da soberania e da independência nacionais e a preparação para o confronto com os interesses que têm dominado o País e com o directório que dirige a União Europeia. Ao mesmo tempo, é necessário cuidar do desenvolvimento económico, da reconstrução de sectores destruídos e da recuperação dos que foram delapidados e entregues ao estrangeiro.

Estamos melhor que há um ano, mas ainda há muita estrada para andar.

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