«Ninguém peça à Caixa para ficar em todos os sítios onde os outros bancos não querem ficar», justificou Paulo Macedo durante a apresentação dos resultados de 2016. A reestruturação da Caixa Geral de Depósitos já vem sendo feita há meses, de que são testemunha os encerramentos de agências que noticiámos, mas agora sabemos a dimensão do plano: encerramento de 200 agências e saída de mais de 2200 trabalhadores nos próximos três anos.
Uma opção inaceitável face ao papel que o banco público deve cumprir, de apoio e proximidade à economia e às populações. A concretização da recapitalização pública dá resposta às necessidades a que o anterior governo não respondeu, abrindo caminho à privatização, total ou parcial, da instituição financeira.
Um objectivo que o PSD e o CDS-PP, ao serviço dos senhores da finança, não abandonaram. Só isso explica o empenho que têm hoje em lançar para a lama a reputação da Caixa, encenando uma preocupação que não tiveram quando tinham responsabilidades executivas. Se dúvidas houvesse, Assunção Cristas dissipou-as ao revelar que os conselhos de Ministros onde participou nunca discutiram o sistema financeiro, nem sequer a situação do banco público.
Foi assim que, em vez de dotar a Caixa Geral de Depósitos dos recursos financeiros necessários, o anterior governo subscreveu obrigações convertíveis em capital, cujos juros foram sendo suportados ao longo dos últimos cinco anos pelo banco. Em vez de assumir as suas responsabilidades, o executivo de Passos e Cristas tratou a instituição financeira que tem o Estado como único accionista com uma rigidez que não teve correspondência na venda do BPN ao BIC, banco gerido por Mira Amaral, ex-ministro dos governos de Cavaco Silva.
O caminho que foi e está a ser seguido pelas equipas de gestão da Caixa, repletas de comissários do PS, do PSD e do CDS-PP, é errado – o banco público precisa de uma gestão ao serviço das necessidades do País e da economia. O que precisamos é de uma instituição com um papel reforçado no sistema financeiro nacional, próxima das populações e das micro, pequenas e médias empresas.
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