«Hoje, Portugal poderia não conhecer os resultados dos Censos 2021». Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores (CT) do INE alerta que se atingiu, na instituição, o «ponto de não retorno» no que toca ao «total estrangulamento profissional em que vivem os trabalhadores das estatísticas oficiais em Portugal».
Os Recenseamentos da População e da Habitação – os Censos – são as maiores operações estatísticas realizadas em qualquer país do mundo, destinando-se a obter informação sobre toda a população residente, as famílias e as habitações. O Instituto Nacional de Estatística é responsável pela sua organização.
Para garantir a divulgação dos resultados da maior operação estatística nacional, para que os dados sejam hoje conhecidos e amplamente difundidos por toda a sociedade, de forma gratuita, dados que hoje são usados para intervir na sociedade portuguesa, foram necessárias «centenas de horas de trabalho suplementar e extraordinário» dos trabalhadores do INE.
Esta sobrecarga, que abrange inúmeras operações estatísticas, deve-se, em parte, ao facto de estarem por preencher 93 postos de trabalho no INE, as actividades estão a ser asseguradas «com quase menos 14% do total de efectivos necessários. «Foi atingido um mínimo histórico de trabalhadores desde, pelo menos, 2001».
Situação só se vai agravar após o acordo plurianual assinado entre o Governo PS e os sindicatos da UGT
Reconhecendo a «importância» dos Censos 2021, os trabalhadores optaram por «não fazer greve no dia da divulgação dos resultados», tendo, para isso «abdicado de horas do nosso descanso, lazer e da vida em família, para cumprir calendários que não têm em conta o número real de recursos disponíveis para cumprir as tarefas» indispensáveis.
Mas a situação, como está, tornou-se insustentável, afirma o CT do INE: «o preço a pagar pelos nossos sacrifícios individuais e colectivos não pode continuar a ser a completa invisibilidade ou o sempiterno desprezo nas opções de quem nos gere e governa».
Os culpados são claros (o Governo PSD/CDS-PP e o Governo PS, que manteve as suas opções) e a solução evidente, defende a CT: «a reversão de uma desastrosa transição de carreiras operacionalizada em 2015, responsável pela privação do direito à carreira de praticamente todos os Assistentes Técnicos, bem como pela “supressão” de todos os pontos acumulados pelos Técnicos Superiores Especialistas em Estatística, suspendendo a sua evolução profissional durante um período significativamente mais longo do que o “congelamento” imposto durante os anos da Troika».
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