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Trabalhadores do El Corte Inglés denunciam pressões e irregularidades

Os trabalhadores do El Corte Inglés, de Vila Nova de Gaia, cumpriram na sexta-feira passada um dia de greve, além de uma concentração de protesto contra as perseguições diárias para forçar rescisões.

Fachada do El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia
Créditos / Wikimedia Commons

Além da paralisação, inserida nos protestos alargados da quinzena de luta da grande distribuição, convocados pelo Sindicato do Comércio, Escritório e Serviços (CESP/CGTP-IN), cerca de 50 trabalhadores do El Corte Inglés, de Vila Nova de Gaia, realizaram uma concentração em protesto contra as más práticas laborais da empresa.

Célia Cardoso, funcionária da grande superfície de Gaia, denunciou à Lusa a perseguição constante pela administração do El Corte Inglés, em que «há trabalhadoras com dez e doze anos de casa que estão a ser chamadas para rescindir contrato a troco de um valor ridículo, cerca de oito mil euros, e sem direito ao fundo de desemprego».


Segundo a funcionária, desde 2006 que o subsídio de alimentação não é aumentado, estando em «5,09 euros, o valor mais baixo das empresas de grande superfície». Outros casos graves também foram revelados, tais como as avaliações que decorrem sob um clima de forte pressão, com «discriminação sobre quem teve licença de maternidade em 2017», sendo-lhes «recusados aumentos», além de irregularidades no pagamento dos feriados, em desacordo com o que define o contrato colectivo de trabalho (CCT). 

«A empresa quer passar uma imagem de trabalhadores bem pagos e felizes quando não é isso que está a acontecer», disse a funcionária para quem o «assédio é geral, principalmente sobre os mais antigos», afirmou.

El Corte Inglés recusa pedido de horário flexível

Marisa Ribeiro, coordenadora do CESP, reforçou as denúncias relativas à forma como a empresa lida com os pedidos de horários flexíveis, previstos na lei da parentalidade, afirmando haver um «caso de uma funcionária a quem a empresa recusou o pedido, que já contava com o parecer favorável da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) e, pela primeira vez neste País, processou a comissão em resposta», relatou.

Empresas da grande distribuição bloqueiam aumentos salariais

Sobre os aumentos salariais, Marisa Ribeiro manteve o tom crítico, explicando que a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) mantém a chantagem nas negociações, ao continuar a «propor aos sindicatos a redução do trabalho suplementar e em dia feriado e a implementação do banco de horas».

«Não podemos aceitar, pois isso baixaria ainda mais o valor mensal pago aos trabalhadores», afirmou, reiterando que as negociações já levam «20 meses» e «não há nenhuma proposta de aumento salarial», numa espécie de «jogo do empurra das empresas para a negociação do CCT e deste para as empresas». 

Com agência Lusa

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