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EUA treinam uma «força fronteiriça» na Síria

A coligação internacional liderada pelos EUA anunciou que está treinar uma força para proteger as fronteiras da zona dominada pelas chamadas Forças Democráticas Sírias. Damasco condenou a medida e mostrou determinação em acabar com a presença dos EUA na Síria.

Um combatente das chamadas FDS fixa uma bandeira no chão perto de Raqqa (Fevereiro de 2017)
Créditos / isna.ir

O Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros classifica «o anúncio [feito este sábado] dos EUA de formar uma milícia armada no Nordeste do país como um ataque flagrante à soberania da Síria e à sua integridade territorial, bem como uma clara violação do direito internacional», lê-se num comunicado hoje divulgado pela agência Sana.

Para Damasco, a medida tomada pelos norte-americanos «enquadra-se nas suas políticas destrutivas, que visam fragmentar a região, alimentar tensões e conflitos, e dificultar soluções para as suas crises».

No documento, o Ministério reafirma ainda a determinação do povo sírio e do seu exército em «pôr fim à presença dos EUA, dos seus agentes e instrumentos na Síria».

Força de segurança fronteiriça dentro da Síria

No sábado, um elemento das relações públicas da coligação internacional liderada pelos EUA revelou que a coligação começou a formar forças defensivas fronteiriças, com o objectivo de proteger as fronteiras da região actualmente sob controlo das chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), maioritariamente curdas e apoiadas pelos norte-americanos.

Operando na Síria desde Setembro de 2014, alegadamente para combater o Daesh, sem autorização de Damasco e sem um mandato das Nações Unidas, a coligação internacional «está a trabalhar conjuntamente com as FDS para criar e treinar a nova Força de Segurança da Fronteira Síria», disse o coronel Thomas Veale, citado pelo portal Muraselon.

De acordo com o militar, das relações públicas da coligação, actualmente estão a receber treino 230 elementos, sendo que a força fronteiriça deverá ser composta por cerca de 30 mil elementos, na sua versão final. O propósito é colocá-los ao longo da fronteira síria com a Turquia e com o Iraque, e, também, ao longo do Vale do Rio Eufrates – a linha que separa as FDS das forças do Exército Árabe Sírio.

Preocupações de Moscovo e Ancara

Do lado turco, o anúncio norte-americano foi recebido de forma hostil e, já esta segunda-feira, o vice-primeiro-ministro, Bekir Bozdag, afirmou que Washington «está a brincar com o fogo».

Por seu lado, os russos, que têm manifestado preocupações quanto ao prolongamento da presença norte-americana na Síria, instando as tropas dos EUA a abandonar o país árabe, afirmaram, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, que o anúncio da criação de uma força de 30 mil elementos é «um assunto muito sério e preocupante, levando a pensar que foi traçado um rumo para a divisão da Síria», indica a PressTV.

As declarações de Lavrov, esta segunda-feira, seguiram-se às que Vladimir Shamanov, chefe da Comissão de Defesa da Duma [parlamento russo], proferiu sobre o tema no dia anterior, dando a entender que a decisão de Washington de criar a força de segurança fronteiriça irá merecer medidas da parte de Moscovo.

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