Uma semana depois de milhares de pessoas se terem mobilizado contra a lei «racista e xenófoba» em dezenas de cidades francesas, o país europeu voltou a ser cenário, este domingo, de nova jornada de mobilização. No dia 25, o texto legislativo relativo à imigração – aprovado em meados de Dezembro – será presente ao Conselho Constitucional.
As manifestações, que tiveram lugar em mais de 160 localidades, foram uma resposta a um apelo lançado por 201 personalidades para dizer «não» a este «perigoso ponto de viragem na nossa República» e a um texto escrito «sob o ditado de traficantes de ódio que sonham em impor a França o seu projecto de "preferência nacional"».
Na sua conta de Twitter (X), Sophie Binet, secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), deu conta de manifestações em cidades como Marselha, Lyon, Nantes, Lille, Grenoble ou Paris, onde, segundo a dirigente sindical, se manifestaram 25 mil pessoas entre o Trocadero e os Inválidos.
Na capital, os manifestantes exibiram faixas e cartazes a denunciar «a lei da vergonha», a lembrar os princípios republicanos e a vincar a defesa dos direitos humanos para todos.
«Esta lei constitui uma ruptura com os princípios franceses desde 1789 em matéria de direitos à terra e desde 1945 no que respeita à universalidade da protecção social», criticou Sophie Binet, citada pelo portal tf1info.fr.
Binet integra a frente de oposição à chamada lei de «asilo-imigração» em que se uniram figuras como Manuel Bompard (França Insubmissa), Marine Tondelier (Ecologistas), Olivier Faure (PS), Benjamin Saint-Huile (Liot), Fabien Roussel (PCF).
Nas manifestações deste domingo, os participantes exigiram a demissão do ministro do Interior, Gérald Darmanin, bem como a regularização da situação de milhares de trabalhadores estrangeiros sem documentos – no sentido oposto ao da lei que o executivo aprovou em conjunto com extrema-direita.
A lei, classificada como «racista e xenófoba», restringe o direito de permanência, bem como o direito ao asilo, à terra ou à reunificação familiar, além de limitar os apoios em matéria de habitação e pretender fazer o mesmo ao nível da assistência médica.
«Se quisermos liderar a luta prioritária pelos valores, contra a extrema-direita, precisamos de uma grande união, que vá para lá das diferenças e dos compromissos políticos. Condenamos esta lei porque mina muitos dos fundamentos da nossa República e do nosso lema», disse Patrick Baudouin, presidente da Liga dos Direitos Humanos e um dos signatários do apelo dos 201, em que se juntaram dirigentes associativos, partidários e sindicais, personalidades ligadas à religião e muitos artistas, académicos e intelectuais.
O «não» à promulgação da lei da imigração fez-se ouvir ainda em cidades como Rennes, Bordéus, Estrasburgo, Amiens, Montpellier, Pau ou Cannes, refere a imprensa.
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