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Loures contra transferência de utentes do concelho para o São José

A partir de 1 de Janeiro de 2024, utentes de Camarate, Unhos e Apelação deixarão de ser servidos pelo Beatriz Ângelo e passam para o Hospital de São José, em Lisboa. Câmara de Loures aprova moção de protesto.

Créditos / SIM

A alteração decorre ao abrigo do decreto-lei de 7 de Novembro, que estabelece a chamada reorganização dos serviços de saúde no País, que na prática afasta os utentes dos cuidados de saúde. Isso mesmo acontece no concelho de Loures, que, conforme denuncia a moção aprovada por unanimidade esta quarta-feira em reunião de Câmara, fica dividido «em dois», com as unidades locais de saúde Loures-Odivelas a servir a zona Norte do concelho. A população de Camarate, Unhos e Apelação deixa, segundo o diploma, de ser servida pelo Hospital Beatriz Ângelo e passa a ter de se deslocar ao Hospital de São José em caso de urgência.

«Numa altura em que o Hospital Beatriz Ângelo (HBA) deixará de servir utentes de outros concelhos, que actualmente aí são atendidos, e em que se poderia esperar que esta reorganização estivesse ligada à possibilidade de vir a melhorar o serviço prestado aos utentes do concelho de Loures, a população destas três freguesias é empurrada para um hospital com menos condições e de muito mais difícil acesso», critica o documento levado ontem a votação pelos vereadores da CDU. Os eleitos defendem que, em vez de reforçar o Serviço Nacional de Saúde, o Governo «continua a tentar disfarçar a sua incapacidade e as suas opções políticas com supostas reorganizações, feitas em total desrespeito pelas populações e pelos profissionais de saúde, os quais não são sequer tidos em conta nas mesmas». Crítica apoiada também na transferência dos utentes das freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela, do Hospital de Santa Maria para o São José.

«Estas alterações obrigam utentes e meios de socorro a deslocações previsivelmente mais demoradas e menos eficazes para o centro da cidade de Lisboa, muitas vezes em plena "hora de ponta", levando a maiores dificuldades no acesso aos serviços hospitalares», alerta o documento dirigido ao Governo, centros de saúde do concelho de Loures e partidos com assento na Assembleia da República, entre outras entidades. 

Os eleitos exigem a reversão das medidas e «o adequado investimento financeiro e humano» nos hospitais Beatriz Ângelo, Santa Maria e São José, salientando que a alegada reorganização dá continuidade ao «processo de degradação» do serviço prestado pelo Beatriz Ângelo. Dizem que, «depois do encerramento das urgências pediátricas, dos problemas graves com falta de médicos, em particular anestesistas, dos encerramentos frequentes do serviço de maternidade e, mais recentemente, dos serviços de urgência geral, dá-se agora um novo passo de concretização formal do estrangulamento financeiro e humano do HBA através da transferência de milhares de utentes para outras respostas hospitalares menos acessíveis e que apresentam já problemas crónicos para responder aos utentes».

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