A reformulação do gabinete-sombra do Labour (Partido Trabalhista Britânico), comandada, esta semana, pelo seu actual líder, Keir Stammer, marcou mais um passo na progressiva aproximação à direita do partido. A extinção do cargo de ministro-sombra para os direitos trabalhistas não deixa muitas dúvidas sobre as novas prioridades da direcção do partido: a economia, não os trabalhadores.
Embora o sindicato vá continuar a pagar as quotas da sua afiliação ao Labour, Sharon Graham, recém-eleita secretária-geral do sindicato Unite, com mais de 1,4 milhões de afiliados, não tem dúvidas de que o resto do «dinheiro do fundo político [usado pelo sindicato para financiar campanhas eleitorais], devia estar a ser melhor utilizado».
«Westminster não é o centro de tudo, há outras formas de fazer com que as coisas aconteçam, marcar o passo» de políticas laborais e sociais, que a direcção do Labour, se quiser, deve acompanhar. O fundo político será agora realocado para grandes campanhas, nacionais, regionais e locais, que beneficiem, directamente, os trabalhadores.
Graham abdicou de participar na convenção do Partido Trabalhista Britânico em Setembro, tendo escolhido dedicar-se, a tempo inteiro, a disputas laborais. «Não sei em que mundo é que eles vivem, mas não é certamente no meu, no que eu vivo as pessoas estão assustadas. Não sabem o que lhes vai acontecer, estão zangadas, em sofrimento, e a ideia de que os políticos não conseguem começar a falar sobre o que fazer é ultrajante».
O Young Labour, juventude do partido em que participam todos os militantes entre os 14 e os 26 anos, publicou um comunicado na sexta-feira a anunciar que não voltará a fazer «campanha, organizar ou angariar votos para candidatos ou deputados que não defendam os trabalhadores, que não respeitem os piquetes de greve ou não defendam o direito à luta laboral».
«Os sindicatos são o alicerce do movimento laboral e estão na linha da frente na defesa dos direitos dos trabalhadores contra patrões corruptos e governos conservadores, que causaram sofrimento a milhões de pessoas». Toda a energia do Young Labour vai ser agora dispendida na luta pela eleição de «candidatos do Labour que, explicitamente, defendam os sindicatos, respeitem os piquetes e representem, inflexivelmente, os direitos dos trabalhadores nos respectivos cargos».
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