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Críticas na Bolívia à falta de cooperação militar para esclarecer massacres

A Provedora de Justiça denunciou que as investigações dos massacres em Sacaba e Senkata estão em fase preliminar devido à falta de cooperação de alguns sectores militares e policiais.

CréditosJorge Abrego / EPA

A provedora boliviana, Nadia Cruz, disse que alguns elementos no seio da Polícia e das Forças Armadas criaram obstáculos às investigações não entregando a informação requerida para esclarecer os factos ocorridos há um ano.

Algumas chefias militares ocultam a informação ou declaram-na como «reservada», de modo a impedir a sua entrega à Justiça e a dificultar o processo, precisou Cruz, que lamentou a impunidade que prevaleceu sobre estes casos durante o governo liderado pela autoproclamada Jeanine Áñez, na sequência do golpe de Estado contra o presidente Evo Morales, indica a Prensa Latina.

«A Procuradoria Geral não fez nada e à Polícia, que tinha a missão de coordenar a investigação, não lhe interessou esclarecer os factos», defendeu a provedorada num acto de homenagem às vítimas dos massacres.


Uma comissão parlamentar investiga também quem ordenou e executou os massacres de Sacaba, no departamento de Cochabamba, e em Senkata, na cidade de El Alto (contígua a La Paz). Segundo o relatório da comissão, nas duas operações militares e policiais foram mortas 37 pessoas, 27 das quais a tiro.

Áñez vai ter de responder judicialmente por ter firmado um decreto em que autorizou as Forças Armadas a realizar operações contra a população, eximindo-as de qualquer responsabilidade penal.

Ministério da Justiça apoia a investigação da CIDH

Iván Lima, ministro da Justiça e Transparência da Bolívia, afirmou esta segunda-feira que o novo governo, liderado por Luis Arce, irá apoiar as investigações que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) vai levar a cabo.

Ao anunciar que, no próximo dia 23, cinco especialistas da CIDH irão chegar ao país sul-americano para investigar os massacres de Sacaba e Senkata, Lima disse que o novo governo porá todos os processos existentes à sua disposição para identificar «os autores intelectuais e materiais» dos factos, informa a TeleSur.

Entretanto, o presidente da República renovou toda a cúpula militar do país. Numa cerimónia que ontem teve lugar na Casa do Povo, sede do executivo, Arce afirmou que as Forças Armadas têm a tarefa de recuperar a confiança do povo.

O general Jaime Alberto Zabala substituiu Carlos Orellana, imposto pelos golpistas, como Chefe das Forças Armadas do Estado Plurinacional da Bolívia.

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