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Contra a política de Macron, reformados exigiram valorização das pensões

Milhares de reformados manifestaram-se em França para reivindicar maior poder de compra e a defesa do sistema público de pensões, denunciando as políticas de Emmanuel Macron.

Os reformados voltaram a manifestar-se por toda a França contra a política de Macron (na imagem Rennes)
CréditosThomas Brégardis / Ouest-France

A jornada nacional de mobilização desta quinta-feira, convocada por nove sindicatos e associações, fez-se sentir em múltiplos pontos do território francês, onde os manifestantes – reformados e também trabalhadores preocupados com o actual rumo do país – protagonizaram acções de protesto contra a política de benesses do presidente francês, Emmanuel Macron, «ao patronato e aos mais ricos».

Comum a todas as mobilizações – que, segundo o portal ouest-france.fr, foram as sétimas desde que Macron foi eleito, em Maio de 2017 – foi a exigência do «aumento generalizado das pensões» e do poder de compra, bem como da anulação da subida, para os reformados, de um imposto conhecido como Contribuição Social Generalizada (CSG).

Apesar de, no final do ano passado – em resposta às exigências do movimento dos Coletes Amarelos –, o executivo francês ter anunciado a suspensão do aumento do imposto da CSG para os reformados com pensões mais reduzidas, a medida não surtiu os efeitos desejados, uma vez que as pensões aumentaram 0,3% no dia 1 de Janeiro, face a uma inflação de 1,8%.

A medida «enfureceu» ainda mais um sector bastante afectado pelo «quase-congelamento» das pensões desde 2013, pelo aumento da contribuição da CGS e pela perda de poder de compra.

«Com este governo, não paramos de perder poder de compra»

Em Paris, ouviram-se palavras de ordem em defesa da «revalorização das pensões». Juan Velo, reformado de 71 anos que assumiu a sua condição de Colete Amarelo, disse ao Ouest-France que o governo «não apenas nos rouba, mas ainda por cima goza connosco».

Em Marselha, onde, de acordo com os organizadores, se manifestaram 3000 pessoas, sublinhou-se que as pensões são «um direito conquistado pelo trabalho». Já em Bordéus, Graziella Danguy, um dos 900 manifestantes registados pela Prefeitura, denunciou o «empobrecimento generalizado dos reformados», sublinhando que têm de recorrer cada vez mais aos filhos ou pedir ajuda a outras pessoas para conseguirem chegar ao fim do mês.

Defesa de uma política social e dos serviços públicos

Verificando que muitos pensionistas são obrigados a cortar nas despesas com a alimentação, a roupa, o aquecimento e a saúde, os promotores desta jornada de mobilização exigiram a criação de uma pensão mínima equivalente ao salário mínimo.

Em Rennes, cerca de 300 pessoas denunciaram o ataque aos serviços públicos. Em Lorient e Brest juntaram-se também cerca de 300 manifestantes para mostrar a insatisfação crescente com a política social de Macron e afirmar que «não vão abandonar nada até verem satisfeitas as suas reividicações».

Em Saint-Brieuc, Alain Prévost, da CGT, falou para cerca de 200 pessoas, tendo criticado o modo como o governo «denigre» as «gerações agora na reforma e que ajudaram» a fazer da França uma grande economia mundial. Em Cherbourg e Caen, 300 pessoas vieram para as ruas. Daniel Lebourgeois, do sindicato Force Ouvrière, denunciou o «novo ataque ao sistema de pensões».

As declarações da ministra da Saúde e da Solidariedade, Agnès Buzyn, de acordo com as quais «um dia será preciso trabalhar mais, porque, de outro modo, o nosso sistema de pensões não aguentará», apontam para a intenção do governo francês de aumentar a idade da reforma ou de privatizar o sistema.

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