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«Imperialismo não impedirá Nicolás Maduro de tomar posse»

O governo da Venezuela repudia a «declaração extravagante» do Grupo de Lima e as «acções hostis» promovidas pelos EUA, reafirmando que o imperialismo não impedirá Nicolás Maduro de assumir o cargo.

Nicolás Maduro festejou com os seus apoiantes, junto ao Palácio de Miraflores, em Caracas, a vitória na contenda eleitoral
Créditos / noticieros.televisa.com

Dirigindo-se à comunidade internacional, o governo da República Bolivariana da Venezuela denunciou, este sábado, que a administração norte-americana tenta «consumar um golpe de Estado» no país caribenho, ao promover «o não reconhecimento das instituições legítimas e democráticas do Estado venezuelano».

Num comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Venezuela acusa representantes do governo dos EUA de terem desencadeado «uma série de acções hostis a partir de falsos pressupostos, que procuram manipular a verdade, com o propósito de quebrar a estabilidade institucional e a paz» no país.

Esta acusações surgem na sequência da intensa actividade de cariz intervencionista levada a cabo pela administração norte-americana neste início de ano, de que são exemplo as declarações sucessivas do secretário de Estado, Mike Pompeo, contra o governo constitucional de Nicolás Maduro.

Ao acusar ainda os EUA de comandar «uma série de governos subordinados da região», aos quais «dá ordens para aprofundar o assédio e o bloqueio» contra a Venezuela, o documento alude, de forma clara, à declaração proferida no dia anterior pelo chamado Grupo de Lima, na qual diversos países americanos afirmam não reconhecer o mandato de Nicolás Maduro, e o instaram a não tomar posse na práxima quinta-feira, alegando que as eleições celebradas em Maio último foram «ilegítimas».

A conduta dos EUA, que viola o direito internacional, não é nova: «desde 2002, as administrações norte-americanas dedicaram-se a promover, apoiar e financiar acções violentas» para provocarem «uma mudança de regime pela força que lhes permita recuperar o controlo dos recursos energéticos e minerais que pertencem exclusivamente ao povo da Venezuela», denuncia o texto.

Grupo de Lima posiciona-se contra Maduro

Na sexta-feira, os representantes do denominado Grupo de Lima – criado em 2017 para denunciar uma suposta «ruptura da ordem democrática na Venezuela» – firmaram uma declaração em que põem em causa a «legitimidade» das eleições que deram a vitória a Nicolás Maduro, solicitam ao presidente venezuelano que entregue o poder à Assembleia Nacional – dominada pela oposição, «em desobediência» – e, não tendo rompido as relações com a Venezuela, decidiram «reavaliá-las», prometendo não deixar entrar nos seus países funcionários de alto nível de Caracas.

Dos 14 países que integram o Grupo – Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia –, só o México, agora governado por López Obrador, se posicionou contra o texto. O Brasil, com Ernesto Araújo à frente da diplomacia, posiciou-se contra Maduro. Os EUA, que não integram formalmente esta aliança, fizeram-se representar por videoconferência.

Ainda na sexta-feira, o Ministério venezuelano dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado em que refutou as acusações formuladas pelo Grupo de Lima, sublinhou a «ampla participação popular nas eleições presidenciais» e manifestou a «maior perplexidade perante a extravagante declaração de um grupo de países do continente americano que, depois de receberem instruções do governo dos Estados Unidos através de uma videoconferência, decidiram promover um golpe de Estado na Venezuela».

E deixou claro que, «no próximo dia 10 de Janeiro, o mundo inteiro assistirá à tomada de posse do presidente Nicolás Maduro, reeleito no passado 20 de Maio para o período 2019-2025». Não há imperialismo que o impeça, destacou.

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