|31 de Janeiro

Passam 127 anos da revolta da Invicta

31 de Janeiro: uma revolta que fica pela coragem e ousadia

Ousada e efémera, a Revolta de 31 de Janeiro, no Porto, continua a inspirar pela coragem e tenacidade dos protagonistas, bem como pelos valores da democracia e da soberania nacional por que lutavam.

A Revolta de 31 de Janeiro foi uma luta pela afirmação da soberania nacionalCréditos / Câmara Municipal do Porto

O levantamento militar de 31 de Janeiro de 1891 constitui a primeira tentativa revolucionária de implementação da República, em Portugal, representando igualmente uma luta pela afirmação da soberania nacional onde, 127 anos depois, não é difícil encontrarmos similitudes. 

Em causa, as cedências do Governo e do rei ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola e Moçambique. A questão embaraçava os militares e o Partido Republicano Português, dirigido então por Elias Garcia, era favorável à preparação de um plano de luta, animado pela proclamação da República do Brasil, em Novembro de 1889.

Outras razões contribuíram para o eclodir da revolta, a começar pela crise que se manifestou nesse ano, motivada, entre outros aspectos, por uma frágil produção industrial, pela recessão das exportações (essencialmente agrícolas), pelo aumento contínuo das importações. A estas juntou-se o facto de o Câmbio do Brasil ter baixado repentinamente, desvalorizando as remessas dos emigrantes, tendo Portugal entrado praticamente em bancarrota.

Na revolta, decorrida entre as 3h30 e o início da tarde do dia 31 de Janeiro, morreram 12 pessoas e cerca de 40 ficaram feridas. Apesar de ter fracassado no objectivo, pelo facto de não estarem reunidas as condições para a implantação da República (o que viria a acontecer 19 anos depois), o movimento de 31 de Janeiro venceu por se ter fixado no quadro da luta pela democracia, da justiça social e da soberania nacional.

Cerca de 500 militares e muitos civis foram julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios da Armada, ao largo de Leixões. Cerca de 250 pessoas foram condenadas a penas, entre 18 meses e 15 anos, de degredo em África.

Efeméride regressa à rua com Revolução dos Cravos

Aquela que ficou conhecida como Rua 31 de Janeiro, após a implantação da República, designava-se primeiro de Rua de Santo António. Foi renomeada com a data da revolta pelo facto de, nessa manhã, a multidão ter subido a rua com o objectivo de tomar a estação dos Correios e Telégrafos, na Praça da Batalha. Barricada na escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, ao cimo da rua, a Guarda Municipal abriu fogo sobre a multidão, causando vítimas entre os militares e os civis. 

Durante a ditadura, a rua voltou a ter o nome do santo. Foi a partir da Revolução dos Cravos que a efeméride identificou novamente esta rua da Invicta.  

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