|São Miguel

PEV condena intenção de construir «mega obra» na Lagoa do Fogo

Os Verdes opõem-se à intenção do Governo Regional dos Açores de construir um edifício no miradouro da Lagoa do Fogo, na Ilha de São Miguel, por considerar que atenta contra o património natural. 

Créditos / Igoazores

Em causa está uma obra «destrutiva» dos valores naturais patentes na Lagoa do Fogo, denunciam os ecologistas num comunicado.

Em Novembro de 2019, o Governo Regional (então liderado pelo PS), apresentou um projecto para a requalificação do miradouro da Lagoa do Fogo, uma das mais destacadas atracções turísticas de São Miguel. O objectivo seria criar um novo ponto de acesso, localizado no interior da caldeira, através da construção de um túnel, alegando que teria um impacto visual reduzido e respeitaria a reserva natural. 

No ano passado, o actual executivo açoriano apresentou um novo projecto, que, segundo o secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas, terá «o menor impacto ambiental e paisagístico possível». 

Para Os Verdes, «seria criminoso» e atentador do património natural  avançar com a realização de uma obra «pesada» e sem garantia de que venha a controlar o acesso à caldeira da Lagoa do Fogo. Também por isso, o partido não vê motivos para se avançar com o projecto, que já foi alvo de uma petição promovida por diferentes associações ambientais. O abaixo-assinado reivindica ao Governo dos Açores que abandone o projecto e explore «soluções integradas e sustentáveis» para fazer face aos impactos do aumento da carga turística no local.

Reserva Natural desde 1974 

A Lagoa do Fogo foi classificada como Reserva Natural em 1974 por conter ainda características naturais do ecossistema insular de São Miguel, o que faz dela uma das mais antigas áreas protegidas do País.

O PEV recorda que essa importância reflecte-se na respectiva reclassificação, em 1982, e posterior integração no parque Natural de São Miguel, em 2008, tendo sido reclassificada «nos termos definidos no Decreto Legislativo Regional n.º 19/2008/A, de 8 de Julho, onde no seu artigo 8.º estão determinadas as interdições e objectivos da Reserva Natural».

Para além disso, a Reserva Natural da Lagoa do Fogo foi inserida na Rede Natura 2000, como zona especial de conservação (ZEC Lagoa do Fogo) e classificada como Sítio Ramsar, ao abrigo da Convenção Ramsar, integrada no projecto ambiental Biótopo CORINE, sendo circundada por uma Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies.

A Lagoa do Fogo é ainda responsável por abastecer quatro concelhos de água potável, sendo considerada uma das melhores águas potáveis naturais da região, «sem recurso a muitas filtragens ou limpezas».

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