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Professores chilenos em greve pela Educação pública

Dezenas de milhares de docentes entraram em greve por tempo indeterminado, esta segunda-feira, em resposta ao bloqueio das negociações, que se prolongavam há mais de um ano, por parte do governo de Piñera.

Milhares de professores chilenos mobilizaram-se, por todo o país, no primeiro dia de greve em defesa da Educação pública
Créditos / cronicadigital.cl

O Colégio dos Professores do Chile tem vindo a reclamar, junto do governo, melhorias das condições trabalho e o fortalecimento do Ensino público desde o início de 2018. Na semana passada, 95% dos filiados na estrutura aprovaram em plenário a realização de uma greve por tempo indeterminado, como resposta à «falta de acção real» do Ministério da Educação, que não só não respondeu de «forma satisfatória» às exigências dos docentes, como «não reconheceu os avanços e pré-acordos» alcançados nalgumas áreas, revelam o Crónica Digital e a France 24.

Com o início da greve, ontem, milhares de docentes mobilizaram-se em diversos pontos do país austral, tendo realizado manifestações e plenários, entre outras actividades.

Em declarações à imprensa, Mario Aguilar, presidente do Colégio dos Professores do Chile, criticou a falta de vontade do Ministério em reconhecer as horas extra dos docentes e em atribuir-lhes um subsídio de reforma, situação que, em seu entender, irá levar ao atraso do processo de reforma de muitos professores (porque as reformas são muito baixas). Frisou também a necessidade de «atender ao estado de abandono em que se encontra a Educação pública».

A paralisação teve uma adesão de 70% dos docentes do Ensino público, e Aguilar disse esperar que a adesão «se aproxime dos 100%» ao longo da semana, estando prevista para o próximo dia 7 uma avaliação da luta dos docentes, que conta com o apoio de organizações de estudantes do Ensino Superior e Secundário, e poderá abranger mais de 100 mil professores, incluindo os dos colégios particulares subsidiados.

Em defesa do Ensino Público

O Colégio dos Professores afirma que, no nível secundário, a Educação «está a cair aos bocados» e denuncia um «estado de abandono» a que a ministra da tutela, Marcela Cubillos, não dá resposta. Por seu lado e de acordo com a imprensa chilena, Cubillos disse estar disposta a «prosseguir o diálogo» com os professores.

Entre as reivindicações dos docentes, algumas prendem-se com as infra-estruturas e a falta de material (pragas de ratos, falta de higiene nas casas-de-banho e ausência de material pedagógico, três meses depois de as aulas terem começado – em Março).

Outras questões reivindicadas são o reconhecimento dos professores de educação especial, o fim da discriminação nas avaliações dos docentes (um só tipo de avaliação para todos) e o reconhecimento das horas extra.

O Colégio dos Professores chilenos exige também o «fim da dívida na Educação» (reivindicação que o Ministério considera não ser «juridicamente exigível») e rejeita inteiramente a reforma curricular proposta pelo governo de Piñera que torna as disciplinas de História, Educação Física e Artes opcionais no Ensino Médio.

A este propósito, Mario Aguilar disse que «a reforma curricular provoca danos à educação» e que «remete para uma concepção que [o Colégio dos Professores] não partilha. Uma concepção instrumental, técnica e que se projecta sobretudo para o mundo do trabalho».

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