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|comércio internacional

Ondas de choque

Tem sido muito desvalorizada pelos comentadores «do costume» o encontro dos presidentes dos EUA e da Coreia do Norte. Se o têm feito é porque há perspectivas de alterações significativas na Península da Coreia e reflexos no resto do mundo.

CréditosNarong Sangnak / EPA

Alguns acontecimentos da última semana criam ondas de choque de uns para outros que deixam prever mudanças significativas ao nível das relações internacionais nos próximos tempos, com um agravar de crises no mundo capitalista ocidental e algumas perspectivas promissoras no território mais amplo da Eurásia. É certo que as geo-estratégias sofrem ajustamentos mas os movimentos e sabedoria populares também têm influência neles.

1. A Fed 1 aprovou em 13 de Junho, a subida da taxa de juro para os 1,75 - 2%.

Esta é a segunda subida deste ano e anunciou que quer fazer quatro subidas dos juros este ano. Ou seja, deverão ser aprovados mais dois aumentos no segundo semestre de 2018. Para os anos seguintes, espera ainda subir três vezes a taxa de juro em 2019 e apenas uma vez em 2020, terminando o ciclo de ajustamento da política monetária com os juros nos 3,4%.

Desde que começou a normalizar a política expansionista, em 2015, a Reserva Federal já aumentou a taxa de juro sete vezes. A Fed espera que com estes ajustamentos a taxa de desemprego atinja os 3,5% em 2019 e a inflacção 2,1% nos próximos dois anos.

O novo presidente da Fed, Jerome Powell, sublinhou que tais dados «indicam que o mercado de trabalho continuou a fortalecer-se e que a actividade económica tem crescido a um ritmo sólido», apesar de este quadro não reflectir ainda as consequências da «guerra» da subida das taxas de importação e as medidas de retaliação. 

No dia seguinte, Mário Draghi anunciou que o BCE vai abandonar, em duas fases até ao final deste ano, a compra de dívida soberana dos países da União Europeia (UE) e que as taxas de juros baixas só se manterão baixas até Agosto de 2019.

A compra de activos seria para estimular o crédito para ajudar as economias (mais do mesmo engano). Num ambiente que nos quer criar receios quanto ao futuro, na sequência de uma revisão em baixa do crescimento na UE de 2,4% para 2,1%, da subida do preço do petróleo para os europeus que só o compram, e na expectativa da «guerra» comercial com os EUA, Draghi fez o número de deixar tudo na incerteza de alterações num sentido ou noutro das economias...

A taxa de empréstimos aos bancos está a ser de 0% e de -0,25% nos depósitos dos excedentes de liquidez desses bancos no BCE. Mas já houve a amarga experiência de isto ter sido feito com bancos que «não estavam saudáveis» (os nomes que se inventam para os especuladores do costume), que se descapitalizaram, que beneficiaram desse programa de apoio.

Sem reflexo no crédito para o investimento mas apenas no consumo para o endividamento crescente das famílias. Situação que agora, sem a banca ter resolvido os seus problemas, se acentuará, não contribuindo para criar emprego nem para fazer crescer a economia (apesar da inflacção já aí estar sem a economia a crescer…), mas dirigindo as suas orientações para a especulação e para o aumento do preço dos activos, podendo estar-se a criar novas bolhas que rebentarão como a do subprime em 2007 que se arrastou até ao ano da grande crise europeia de 2012.

E como a banca se porta mal, em estreita articulação com a especulação dos grandes grupos económicos e financeiros do «mundo ocidental», não faltará o dia em que o BCE voltará a interpelar os países-membros a garantirem nova capitalização da banca, um novo ciclo de austeridade e a aumentar as taxas de juro nas vésperas de novas crises, como já fez imediatamente antes desses dois anteriores picos de crise... Com tais banqueiros, que BCE poderíamos ter?

Para alguns comentadores isto seria um aviso para o regresso a uma «normalidade do mundo capitalista» do crescimento contínuo das taxas de juro. Só que uma vez mais sem crescimento da economia... E seria uma forma de conciliar posições  opostas em que, dum lado, se destaca a Alemanha, que se opõe à compra de dívida porque tem a economia a crescer (essencialmente a pública...) e, do outro, se encontram países como a Itália mas também países como Portugal.

Os comentadores querem-nos fazer crer que isto é um aviso de que pode vir aí o «fim da bonança»... Qual? Onde? Trocando em miúdos, nada de aumento de despesas com salários, reformas, ajustamento de carreiras, recuperação de anos perdidos para elas, nada de investimentos na saúde, educação, transportes públicos. Os «recursos» vindos da UE acabarão mas, por um qualquer masoquismo, insistiam em que nos mantivesse a ela atrelados...

Para quem tem perspectivas de esquerda (mas não só!) e da superação das crises sucessivas do capitalismo a que temos estado sujeitos, importa reequacionar todo o processo da integração europeia, com particular destaque a saída do euro, o abandono do Tratado Orçamental e de outros tratados que, apesar da contenção da inflacção, são altamente lesivos da nossa soberania para sair delas, e do relançamento da economia com uma banca virada para o investimento e não para consumo dos que mais têm, renegociação dos prazos e valores da dívida e do serviço desta.

Em tempos de alguma «folga» no apertar do cinto, os recursos disponíveis vão para o sorvedouro da dívida e não para o investimento nem para a valorização do trabalho e melhoria das condições de vida que poderiam ser um dos suportes ao crescimento da economia. 

Bem pode Marcelo Rebelo de Sousa estabelecer o ano de 2023 para acabar com as desigualdades... Não vamos lá se não mudarmos de políticas. Nem o seu grande entusiasmo e capacidade de provocar afectos, nem a «excelência» e «talentos» encontrados nos nossos «activos», em N.ª Sra. de Fátima, nem a Lola nem sequer o Cristiano Ronaldo, e o seu empolgante virtuosismo que nos afaga o ego, nos irão ajudar…

Investimento, trabalho, produção, cada vez mais valor acrescentado na agricultura e na indústria, nas pme’s e start up’s, criação de “músculo” que sustente a procura interna e externa, libertação dos preços miseráveis usados pelas grandes empresas de distribuição para com a produção agroalimentar e produtos transformados, e mão na banca que nos arruína etc., são necessários, imprescindíveis. 

2.Antes da Cimeira do Quebeque, quase todas as grandes potências europeias, o Canadá e o Japão, criticaram os EUA a propósito das novas taxas de importação de aço e alumínio.

Em Março, Donald Trump tinha anunciado taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas tinha feito uma moratória para a UE, o Canadá e o México na sua aplicação. O Japão é outra grande potência comercial atingida por esta medida. Também na altura pediu a isenção. Enquanto o Brasil tem tentado obter uma moratória isoladamente. O México está a procurar um acordo bilateral.

Essa moratória expirou à meia-noite do passado dia 1/6, o que foi antecedido no dia anterior pelo anúncio da sua entrada em vigor por Wilbur Ross, secretário do Comércio dos EUA, que, encerrando meses de incerteza sobre possíveis isenções e reacendendo temores sobre uma guerra comercial global, afirmou que as conversações com a União Europeia ao longo de dois meses não tinham avançado o suficiente para manter a isenção.

«Queremos continuar as negociações com o Canadá e com o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro, porque há problemas que precisamos de resolver», disse o responsável, sem esclarecer no entanto o que é que os países afectados poderiam fazer para levantar estas tarifas. 

A medida, anunciada pelo secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, enfureceu os principais aliados dos EUA e indicou um endurecimento do governo Donald Trump em questões comerciais.

Jean-Claude Juncker ripostou logo em 1/6, afirmando que é «totalmente inaceitável que um país esteja a impor medidas unilaterais quando se trata de comércio mundial. É um mau dia para o comércio global. Os Estados Unidos não nos deixam outra escolha senão prosseguir com um processo de resolução de disputas na OMC e com a imposição de taxas adicionais em várias importações norte-americanas».

No mesmo dia, Pierre Trudeau afirmaria que «Estas tarifas são uma afronta à parceria de longa data que existe entre o Canadá e os Estados Unidos e, em particular, uma afronta aos milhares de canadianos que lutaram e morreram ao lado de seus irmãos de armas», disse o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, lamentando que os Estados Unidos da América (EUA) tenham justificado a decisão com «segurança nacional».

O Canadá vai responder às novas tarifas decididas por Washington impondo impostos sobre bens norte-americanos no valor de 16 600 milhões de dólares e cancelou uma reunião com Donald Trump, considerando a política comercial dos EUA «totalmente inaceitável».

Na mesma declaração, para além das «medidas de represália», a Ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Chrystia Freeland, pediu à OMC para «efectuar conservações com os Estados Unidos relacionados com a imposição dos direitos alfandegários punitivos sobre as importações de aço e alumínio provenientes do Canadá».

A ministra sublinhou ainda que o Canadá "vai trabalhar em estreita colaboração com a União Europeia, que também depositou na OMC uma queixa contra os Estados Unidos.

Depois da reunião do G7, Trudeau não foi o único líder na reunião a aludir a eventuais medidas retaliatórias face à nova política alfandegária dos EUA, tendo a primeira-ministra do Reino Unido Theresa May deixado uma mensagem semelhante no final do encontro.

Macron, no dia 7/6, «Talvez seja indiferente ao presidente dos EUA estar hoje isolado, mas não nos importamos também se for necessário ficarmos reduzidos a 6 [no G7]». «Nenhum de nós é eterno. Os nossos países e os compromissos que assumimos ultrapassam-nos».

Macron fez esta declaração depois dos contactos aparentemente positivos para entre ele e Trump se chegar a uma aproximação sobre as taxas de importação.

Quanto a Merkl, em entrevista em 10/6, referiu que «A Europa deve tomar o seu destino nas suas mãos, cada vez mais. Nós, europeus, temos de defender os nossos princípios», disse a chanceler alemã, recuperando declarações que tem repetido desde a chegada de Trump à Casa Branca, e defendendo uma maior cooperação entre o continente europeu, o Canadá e o Japão, em vez de seguir «imprudentemente» os EUA.

A Alemanha é dos países europeus que mais poderá ser prejudicado na sua indústria automóvel com esta «guerra». Por outro lado, Merkl questionada sobre outro foco de tensão com Trump, a exigência norte-americana do regresso da Rússia ao fórum das nações mais industrializadas, Merkel disse conceber a reentrada de Moscovo, mas que esta dependerá da implementação do plano de paz na Ucrânia. Não fez referência aos contactos entre a Rússia e a Ucrânia, destes dias, sobre as questões do leste deste último país, onde permanecem confrontos entre a população e o governo de Kiev.

O G6 (7-1) decidiu confrontar os EUA em bloco. Por outro lado, Trump foi contundente para com ele, numa combatividade aparentemente assente nos excelentes resultados registados pela economia americana no primeiro semestre deste ano, para reafirmar o «A América em primeiro lugar (America first)».

O conselheiro económico do presidente, Larry Kudlow, que entretanto sofreu um ataque cardíaco, citado pelo Le Monde, traçou uma visão que condena o comércio global, que descreveu como um «bazar», e afirmou que Trump não deve ser combatido pelas suas disfunções, mas devem combater-se os «países que não observam as regras». Para ele, este sistema tornou-se caduco nos últimos vinte anos. Foi duro com a Organização Mundial do Comércio que, segundo ele, se teria tornado completamente ineficaz. E que, mesmo nos raros momentos em que toma decisões, os países importantes nem os respeitam. Kudlow descreveu Trump como «o grande reformador do comércio mundial».

Por outro lado, alguns economistas, que perfilham as opiniões do G6 temem a abordagem de Trump quanto à cooperação económica internacional, que poderia resultar em distorções significativas do comércio internacional e de deslocalizações económicas em muitos países, com consequências económicas e industriais negativas para a economia dos EUA e das outras economias industriais, cuja prosperidade tem como base o comércio internacional e cuja interdependência se verificou nas últimas décadas. Acusam-no de «aprendiz de feiticeiro» ao defender uma atitude proteccionista.

3.Quem ficou isolado na Cimeira dos G7 no Quebeque? Os EUA ou a UE/Canada/Japão?

As cedências do G6 (7-1) em matéria de uma maior «justiça comercial» entre a UE e os EUA não estiveram à altura das exigências dos EUA. Por outro lado, os 6 recusaram a proposta de Trump de recriar o G8, com o regresso da Rússia (7+1). A Cimeira do G7 de dias 8 e 9 deste mês no Quebeque acabou, por isso, por ser um completo fracasso.

Trump deixou-os a falar sozinhos e foi ter com Kim Jong un. 

Para além disso, os 6 decidiram incluir uma reclamação no comunicado final a exigir à Rússia que pusesse «termo a acções de desestabilização» (?) e que retirasse o apoio ao regime sírio e a retirar os militares russos do território da Síria.

A que propósito? Em que é que isso contribui para um melhor comércio internacional? Ou é apenas  reflexo das «dores» dos serviços secretos de Sua Majestade e da França, que foram batidos em toda a linha com a derrota dos terroristas que treinavam, armavam e apoiavam no terreno?

Apesar do MI6 continuar sempre com novas acusações de ataques químicos por parte de Assad e mais imagens dos terroristas que usam capacetes brancos e inundam os media mas já todos razoavelmente descredibilizados por serem militantes de dois dos grupos terroristas que os serviços secretos ocidentais ainda mantêm. Enquanto Israel tem as costas quentes para continuar a disparar mísseis sobre a Síria e a atacar milícias em Gaza, desprezando a recente resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Novo sinal de derrocada da UE decorreu da desumanidade do não acolhimento de novos imigrantes clandestinos subsaarianos. A política anti-imigração do novo governo italiano, justamente criticada, não apaga que os restantes países europeus não se comprometeram com as cotas de acolhimento acordadas entre si enquanto a Itália recebera até aqui 15 mil imigrantes. Numa demonstração fatal da hipocrisia da humanidade dos chefes do velho continente...

Mas também Trump está a separar imigrantes dos filhos que com eles chegam aos EUA.

Nestes desvarios da civilização que se quer ocidental e recomendável, já se percebeu que é muito difícil distinguir os que são melhores e os que são piores – se quisermos pôr as questões nestes termos...

4. As novas taxas aduaneiras e a Rússia e a China ali ao lado...

A introdução por Donald Trump, das tarifas às importações de aço e alumínio do Canadá, México e UE forçará estes países a construírem novos laços comerciais com países como a China e a Rússia, o que deverá levar a UE a reconsiderar as suas sanções contra a Rússia e tornará mais complexa uma atitude coesa dos G7 contra a China, apesar da partilha de queixas comerciais por parte deles contra a China.

De qualquer forma a China já decidiu responder com elevação de taxas de produtos importados dos EUA e as perdas daí decorrentes serão da ordem dos 40 mil milhões de dólares com significativas consequências também para a economia norte-americana.

Mas os próprios EUA também têm interesse em normalizar as relações comerciais com a Rússia e a China, para reduzir os efeitos negativos das taxas retaliatórias dos seus parceiros do G7.

Em relação à reunião do G7, Putin absteve-se de fornecer uma avaliação geral sobre eles, mas disse que as acções de Trump podem «prejudicar os interesses económicos» dos países europeus e afectar a economia global.

O presidente russo não descartou, porém, qualquer contacto futuro com Trump, dizendo que espera poder encontrar-se com Trump quando o lado americano «estiver pronto para isso» e se se encontrar agenda.

5. EUA contra a OPEP

O Irão atacou Trump depois de este culpar a OPEP por elevar os preços do petróleo.

O governador do Irão na OPEP, Hussein Kazempour Ardebili, respondeu às recentes acusações de Trump de que a OPEP controlava artificialmente os preços do petróleo numa entrevista à Reuters. E lembrou ao presidente dos EUA que foi o seu país que impôs sanções contra dois dos principais países produtores de petróleo e que essas atitudes têm naturalmente consequências.

«Não pode impor sanções a dois membros fundadores da OPEP (Irão e Venezuela) e ainda culpar a OPEP pela volatilidade do preço do petróleo. Isto é negócio, senhor presidente – achávamos que sabia isso», disse Hussein Kazempour Ardebili.

O presidente dos Estados Unidos, Trump, já se queixara de que os preços do petróleo estavam «muito altos» e sugeriu que a OPEP os reduzisse. Os preços do petróleo registaram um aumento de 60% em relação ao ano passado, depois de os países da OPEP, em cooperação com outros produtores de petróleo, concordarem em limitar a sua produção para reduzir a oferta excessiva no mercado e regressar aos preços com níveis anteriores a 2014.

Os EUA impuseram sanções contra a Venezuela, limitando efectivamente a sua capacidade de vender petróleo produzido no país. Em Maio, Donald Trump anunciou a saída do acordo com o Irão e prometeu impor o «mais alto nível de sanções» contra Teerão e qualquer um que faça negócios com ele. O Irão e a Venezuela estão entre os países fundadores do cartel internacional de petróleo da OPEP.

Agora Trump vai pagar as favas...

6. Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai

Ao mesmo tempo que os G7 (de facto 6+1) falhavam, como todos previam que acontecesse, na reunião de no Quebeque, a Organização de Cooperação de Xangai (OCS), reuniu, em Quingbao, na China, os oito presidentes da China, Rússia, Índia, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão Tadjiquistão e Uzbequistão, com conclusões promissoras. Participaram como observadores Afeganistão, Bielorrússia, Irão e Mongólia.

Foi a primeira vez que a Índia e o Paquistão, países rivais entre si na sua região participaram como membros efectivos na reunião, desde a criação deste organismo em 2001.

Depois da adesão da Índia e do Paquistão, a OCS tornou-se o maior organismo regional do mundo, em termos de cobertura geográfica e população, abrangendo todo o continente eurasiático com mais de 3 mil milhões de pessoas. As economias destes países juntas constituem a maior economia regional do planeta e têm metade da população mundial.

Putin referiu acreditar que a OCS  supera o G7 em certos aspectos. Por exemplo, os seus estados-membros já superaram o G7 em paridade de poder de compra, citando dados do FMI. Se calcularmos... per capita, os sete países são mais ricos, mas o tamanho combinado das economias da OCS é maior.

A reunião procurou que fosse garantida a ajuda aos seus membros e as relações comerciais entre si, atendendo aos efeitos negativos das medidas protecionistas de Trump com cortes nas importações e exportações.

Mas a reunião abordou também as questões da segurança regional, atendendo a fenómenos de terrorismo, por vezes alimentado pela ideologia islâmica, que beneficiam do repatriamento para tais actos e à necessidade de partilha de informação e flexibilização da extradição de suspeitos.

Os participantes comprometeram-se também em contribuírem para uma paz duradoura na Síria e Afeganistão. Respeitando no caso da Síria uma solução política e o diálogo nacional bem como a soberania e a integridade do país. E no Afeganistão a paz ser garantida pela população do país.

O comunicado conjunto em dez pontos é o seguinte:

1 – Oposição à fragmentação nas relações comerciais mundiais e a qualquer forma de protecionismo comercial.

2 – Apoiar a Exposição Internacional de Importação da China, a ter lugar em novembro de 2018, em Shanghai.

3 – Persistir na resolução da questão da Península Coreana através do diálogo e da consulta.

4 – Enfatizar o diálogo político e a criação de um processo de paz e reconciliação, liderado pelo Afeganistão, como única forma de resolver a questão afegã.

5 – Destacar a importância da implementação sustentável do acordo nuclear iraniano, e apelar às partes concernentes para garantir a total implementação deste.

6 – Oposição ao uso de armas químicas por qualquer pessoa, em qualquer lugar, independentemente das circunstâncias.

7 – Aprovar a concepção da Cooperação na Proteção Ambiental dos Estados Membros da OCS.

8 – Apoiar a cooperação na área da inovação.

9 – Dar continuidade à pesquisa para a criação de um banco de desenvolvimento e de um fundo de desenvolvimento da OCS.

10 – Promover a cooperação mediática e apoiar a realização de uma cimeira de imprensa da OCS.

Esta outra parte do mundo parece bem melhor que o «nosso» Ocidente...

7. A cimeira Trump-Kim Jong-un 

Tem sido muito desvalorizada pelos comentadores «do costume» o encontro em Singapura, no passado dia 12 deste mês, dos presidentes dos EUA e da Coreia do Norte. Se o têm feito é porque há perspectivas de alterações significativas na Península da Coreia e reflexos noutras situações de conflito no resto do mundo. A generalidade dos grandes media da América do Norte e União Europeia alinhou nessa barragem de contra-informação. O New York Times, logo no dia 13, deu as dicas.

Deixando esse arsenal de dislates de lado, há que reconhecer que o encontro, só por si, foi um importante contributo para a distensão naquela região do Mundo. O reconhecimento do presidente da Coreia do Sul do seu valor também contribuiu para isso. Aliás, já tinha estado na China, com Xi Jinping, e veio a estar na Rússia, com Putin, o que revela um empenho consequente da Coreia do Sul no êxito do percurso que já tinha sido iniciado no início do ano entre as duas Coreias. 

Mas não foram apenas os apertos de mão e sorrisos para as câmaras que contaram. Conta muito o que ficou escrito no acordo e registado nas declarações de esclarecimento posteriores, cuja sequência importa ir acompanhando nas próximas semanas, a saber,

– A Coreia do Norte garante a desnuclearização da península, desmantelando as suas armas nucleares, com a fiscalização internacional dessa operação;

– Os EUA mantêm as sanções económicas contra Coreia do Norte até que este processo esteja concluído, acabando então com elas e disponibilizando-se para o apoio económico ao país;

– Os EUA garantem a segurança da Coreia do Norte, suspendendo nomeadamente as manobras militares conjuntas EUA/Coreia do Sul;

– Serão trocados militares identificados ou a identificar que estejam deslocados em ambas as partes do país desde a guerra;

– Kim Jong-un foi convidado para visitar a Casa Branca em data a acordar e idêntico convite foi feito a Trump para visitar Pyongyang, tendo ambos aceite;

– A presença de 35 mil militares norte-americanos na Coreia do Sul não será, para já, reduzida antes que os processos anteriores se concluam.

Esta cimeira, por muitos considerada impossível, mesmo depois dos entendimentos entre as duas Coreias no início do ano, poderá ter repercussões positivas extraordinárias para distensão regional, a cooperação pacífica entre diferentes países no caminho de uma desejada reunificação do país.

Como referimos no início, este acontecimento e os outros aí sinalizados poderão alterar positivamente alguns aspectos da situação internacional.

  • 1. O Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, universalmente conhecido como Fed, é o sistema norte-americano de “bancos centrais”. Tem as responsabilidades da regulamentação da economia, da definição da política cambial, da fiscalização dos bancos centrais nos estados e de executar as políticas económicas, através da compra e venda de títulos públicos.

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