A resolução, apresentada pela Argélia e pela Turquia, foi aprovada com 120 votos a favor, 45 abstenções e oito votos contra. Uniram-se a Israel e aos EUA, no repúdio a um documento que condena Israel por «uso excessivo e indiscriminado da força» contra civis palestinianos, a Austrália, as Ilhas Marshall, a Micronésia, Nauru, as Ilhas Salomão e o Togo.
A resolução solicita ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que apresente propostas no prazo de 60 dias sobre meios de «garantir a segurança, a proteção e o bem-estar da população civil palestiniana sob ocupação israelita», indica a PressTV.
Para além de condenar as acções violentas por parte dos militares israelitas contra o povo palestiniano, o documento exige que os responsáveis pelas violações de direitos e pelos assassinatos respondam perante a Justiça, e que sejam «dados passos imediatos para acabar com o bloqueio e as restrições impostas por Israel» à Faixa de Gaza.
Uma proposta de teor semelhante, apresentada pelo Koweit no Conselho de Segurança das Nações Unidas, foi vetada no início deste mês pelos EUA, na sua qualidade de membro permamente do organismo.
Ontem, a embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas, Nikki Haley, procurou fazer aprovar uma emenda à resolução no sentido de condenar a «violência» do Hamas, que governa em Gaza. No entanto, a emenda acabaria por não ser incluída na resolução, uma vez que não alcançou a necessária maioria de dois terços para passar. Registou 62 votos a favor, 58 contra e 42 abstenções.
«Ogivas para os mísseis do Hamas»
Danny Danon, embaixador de Isarel junto das Nações Unidas, criticou a resolução por «fortalecer o Hamas» e acusou os países que a apoiaram de serem «coniventes com uma organização terrorista». «Tenho uma mensagem simples para aqueles que apoiam esta resolução: vocês são munições para as armas do Hamas, vocês são ogivas para os seus mísseis», disse, citado pela RT.
Haley desfiou o habitual discurso de fiel aliada de Israel, tendo afirmado que a resolução é «parcial» e «não faz referência ao Hamas, que de forma rotineira inicia a violência». Acrescentou que «aquilo que torna Gaza diferente é que atacar Israel é o seu desporto político favorito».
Em resposta à «resolução parcial», Haley não fez uma leve alusão à brutalidade da repressão israelita – em Gaza e nos territórios ocupados da Margem Ocidental –, às violações de direitos humanos cometidas pelas forças ocupantes ou às que resultam do bloqueio imposto a Gaza.
Já o embaixador boliviano, Sacha Llorenti, lembrou as responsabilidades que os EUA detêm no prolongamento da «questão palestiniana», nomeadamente pelo modo como agem no Conselho de Segurança, onde garantem que Israel «conta com direito de veto».
Llorenti afirmou que as Nações Unidas ainda não cumpriram a promessa que fizeram à Palestina – a criação do Estado, livre e soberano – e acusou a administração norte-americana de, com a sua decisão de mudar a sua embaixada em Israel para Jerusalém, ter aumentado as tensões na região, refere a Prensa Latina.
Brutal repressão, desde 30 de Março
Mais de 130 palestinianos foram mortos e quase 14 mil foram feridos pelas forças militares israelitas, desde 30 de Março, nos protestos da Grande Marcha do Retorno, para reivindicar o direito dos refugiados a regressar às suas casas.
No âmbito destes protestos, a repressão das forças israelitas atingiu o ponto mais alto a 14 de Maio, véspera do Dia da Nakba e dia em que os EUA mudaram oficialmente a sua embaixada de Telavive para Jerusalém.
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