Numa declaração transmitida pelo canal VTV, o chefe de Estado da Venezuela referiu-se ao modo como os órgãos de comunicação social estrangeiros abordaram a questão dos 200 milhões de bolívares (51 mil euros, câmbio oficial) encontrados, terça-feira, num veículo particular de Lilian Tintori, dirigente da oposição e mulher de Leopoldo López, um dos líderes da extrema-direita venezuelana, condenado por incitamento à violência e actualmente a cumprir pena em regime domiciliário.
«Se algum dia isto acontecesse com algum dirigente do chavismo; se o encontrassem com um carro e umas caixas com milhões de bolívares, que diria a imprensa mundial, a BBC, a CNN, a Reuters, a EFE?», perguntou Maduro no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, em Caracas.
Em todo o caso, se tal acontecesse, o Estado seria o primeiro a promover as investigações devidas e a tomar as medidas que se impunham, afirmou Nicolás Maduro, que lembrou que ontem passava um mês sobre «as históricas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte» e garantiu que o executivo vai dar a conhecer medidas com vista a garantir a estabilidade económica do país, informa a TeleSur.
200 milhões para a «avozinha»
Na terça-feira, agentes do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas encontraram uma viatura Toyota Fortuner na urbanização Sebucán, no município de Sucre (zona leste de Caracas). No seu interior depararam com quatro caixas de madeira que continham 200 milhões de bolívares (51 mil euros ao câmbio oficial).
De acordo com as investigações já realizadas, o automóvel pertence a Lilian Tintori, que reconheceu publicamente que a viatura e o dinheiro lhe pertenciam. Inicialmente, justificou que tão avultada quantia se destinava a despesas familiares urgentes, que era «para a avozinha» e o seu seguro de saúde.
O procurador-geral da República, Tarek William Saab, informou que o caso se encontrava nas mãos da Justiça, que vai levar a cabo as respectivas investigações e determinar a proveniência do dinheiro e a sua finalidade.
O portal Misión Verdad salienta que as caixas são idênticas às que são usadas para transportar as novas notas, que estão a ser impressas na Suécia. Isto poderá querer dizer que as notas encontradas na viatura de Tintori nem sequer chegaram a circular e que lhe foram entregues directamente por uma instituição bancária.
No seu programa televisivo «Con el Mazo Dando», Diosdado Cabello, dirigente do PSUV, apontou para uma eventual ligação do Banco Occidental de Descuento (BOD) ao dinheiro apreendido pelas autoridades. Na sequência de uma denúncia recebida, a ligação ao banco foi feita com base no número de série das notas. Cabello afirmou que a administração do banco vai ter de prestar explicações sobre o caso.
Apoio a famílias vítimas do furacão Harvey
O governo da Venezuela vai apoiar, através da filial petrolífera Citgo, os norte-americanos atingidos pelo furacão Harvey no Texas, informou esta quarta-feira o ministro dos Negócios dos Estrangeiros, Jorge Arreaza.
A Citgo, uma subsidiária da empresa estatal venezuelana Pdvsa com sede em Houston, vai destinar até 5 milhões de dólares ao apoio às famílias de Houston e Corpus Christi vítimas do furacão Harvey.
O programa de ajudas, decretado pelo presidente venezuelano, prevê que uma percentagem das vendas da Citgo seja destinada à construção e substituição de habitações, anunciou Arreaza, acompanhado pelo presidente da Petróleos de Venezuela (Pdvsa), Nelson Martínez.
O furacão Harvey, que entretanto passou a tempestade tropical, provocou pelo menos nove mortos e danos de muitos milhões de dólares em infra-estruturas, indica a AVN.
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