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Israel intensifica os raides e prende 60 palestinianos em três dias

Só no dia 1 as forças israelitas prenderam mais de 30 na Cisjordânia e nos territórios ocupados em 1948. Um ministro israelita defendeu o apelo para que os judeus usem armas contra palestinianos em Lod.

Forças israelitas prendem palestiniano (imagem de arquivo) 
Créditos / PressTV

Na madrugada desta quinta-feira, informa a agência WAFA, as forças israelitas prenderam pelo menos nove palestinianos e deixaram feridos outros sete no contexto de raides que levaram a cabo em vários pontos da Margem Ocidental ocupada.

No distrito de Belém, as tropas israelitas entraram no campo de refugiados de Aida, a norte da cidade, onde se registaram confrontos violentos. As tropas dispararam fogo real contra quem protestava contra a invasão e pelo menos três adolescentes foram baleados, refere a fonte, acrescentando que foram levados de imediato para um hospital.

No dia 2, a WAFA e o Palestinian Information Center (Palinfo) deram igualmente conta de raides israelitas em vários pontos da Margem Ocidental ocupada. Pelo menos 17 palestinianos foram presos, incluindo menores de idade.

As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece.

São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas.

Mais de 30 detenções no dia 1 de Junho

Na terça-feira, além das detenções na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupadas, a imprensa deu conta da detenção de palestinianos nos territórios ocupados em 1948, no âmbito de uma campanha iniciada no passado dia 24 de Maio que as autoridades israelitas designaram como «Lei e Ordem».

No total, só nesse dia foram presos mais de 30 palestinianos, 12 dos quais na cidade de maioria árabe de Kafr Kana (territórios ocupados em 1948, actual Estado de Israel), onde as forças israelitas montaram uma verdadeira operação de «emboscada», segundo a imprensa palestiniana.

As detenções aí verificadas, tal como em Lydd (Lod), Acra e Haifa (outras cidades nos territórios ocupados em 1948), seguem-se aos fortes protestos dos palestinianos contra a tentativa de expulsão dos residentes palestinianos do Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, os ataques israelitas ao complexo da Mesquita de al-Aqsa e o bombardeamento da Faixa de Gaza cercada, onde, revela hoje a WAFA, o número de mortos subiu para 258.

Ministro israelita apoia apelo aos judeus para usarem armas contra árabes

Na sexta-feira passada, Amichai Langfeld, vereador do partido de extrema-direita Lar Judaico na cidade de Lod, apelou aos judeus com armas que viessem para a cidade proteger os residentes judeus, afirmando que não confiava na Polícia, informa o Palinfo.

Numa carta enviada a Amir Ohana, ministro israelita da Segurança Pública, Ofer Cassif, deputado ao Parlamento israelita pela Lista Conjunta, afirmou que, nas declarações do vereador de Lod «há um apelo explícito a pessoas armadas para que façam justiça pelas próprias mãos e usem até fogo real… tudo isto sob os auspícios do presidente da Câmara de Lod, que estava ao lado do instigador». «Sem a sua intervenção imediata para travar este incitamento flagrante, pode ocorrer uma tragédia», acrescentou Cassif.

No entanto, o ministro israelita defendeu o apelo como «legítimo» e disse não concordar com a classificação de «incitamento». «O apelo aos cidadãos para que se defendam a si mesmos contra os seus atacantes, com recurso a armas de fogo para as quais têm licença, entre outras, é um apelo legítimo», disse em resposta a Cassif, sublinhando que a Lei permite às pessoas «agir em sua própria defesa em tempos de necessidade».

Recorde-se que a cidade de Lod, com uma ampla comunidade de residentes palestinianos, foi palco de grandes tensões durante a escalada recente de violência sionista. Os palestinianos foram atacados nas ruas por multidões, em conluio com a Polícia. Quando responderam ou protestaram, foram classificados como «agitadores» e «criminosos».

Ofer Cassif disse ao ministro que não se estava a discutir o direito à defesa das vidas de cada um e que o apelo do fascista Amichai Langfeld não tinha nada a ver com autodefesa mas com «grupos organizados irem a um determinado local fazer rondas enquanto andam armados – ou seja, criar milícias ilegais».

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