|Dia da Vitória

As forças do trabalho contra a guerra

Comemoramos nesta data 73 anos sobre a entrada vitoriosa do Exército Vermelho em Berlim e da capitulação da Alemanha nazi. 

Na noite de 8 para 9 de Maio de 1945 a Alemanha assinava a rendição incondicional. O dia 9 de Maio, passou à História como o Dia da Vitória sobre o nazi-fascismo. Com a rendição do Japão a 2 de Setembro, terminava a Segunda Guerra Mundial.

Evocamos a II Grande Guerra para respeitar e homenagear a memória de todos aqueles que morreram e sofreram, vítimas da barbárie fascista. Para louvar a luta heróica dos resistentes anti-fascistas que enfrentando a mais cruel repressão e as retaliações mais brutais, resistiram corajosamente às forças de ocupação.

Resistência que desde o primeiro momento e na primeira linha da resistência armada contra o nazi-fascismo teve o contributo valoroso e determinante do movimento operário, num dos mais exaltantes exemplos de entrega à causa da liberdade.  

Evocamos a II Grande Guerra para não silenciar um dos períodos mais negros e trágicos que a Humanidade já viveu. Para nunca esquecer que nesta guerra morreram 60 milhões de pessoas, a maioria civis, que muitos outros milhões de vítimas ficaram para sempre estropiados e sofreram o horror nos campos de concentração, que populações inteiras foram massacradas, viram as suas terras e casas ocupadas, que milhões de trabalhadores foram escravizados.  

Evocamos a II Grande Guerra para lembrar que ela teve origem na maior crise do capitalismo até então verificada, levando o capital monopolista, em particular o capital financeiro alemão, com o apoio das grandes potências capitalistas, a colaborar na ascensão do fascismo e no seu projecto tenebroso de dominação imperialista. 

Para lembrar o apoio da ditadura de Salazar às hordas franquistas na Guerra de Espanha e a sua colaboração, sob a máscara de uma falsa «neutralidade», com o fascismo italiano e o nazismo alemão durante a Segunda Guerra Mundial.

Evocamos a II Grande Guerra para recordar que o fascismo constituiu a resposta do grande capital ao desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do movimento operário que em todo o mundo combatiam por melhores condições de trabalho, contra o desemprego, a miséria e a fome, por profundas transformações políticas, económicas e sociais, inspirados nos êxitos e conquistas alcançadas pela Revolução Socialista de Outubro, na ex-URSS. 

Para lembrar as corajosas e grandes lutas operárias que nessa altura tiveram lugar em Portugal, nas condições de ausência das liberdades políticas, cívicas e sindicais impostas pela ditadura de Salazar, de que são exemplo as poderosas greves e manifestações realizadas de 1942 a 1944, contra a carestia de vida, pelo pão, contra a guerra e a ditadura fascista. 

«Evocamos a II Grande Guerra para advertir que o mundo atravessa a mais grave crise económica e social desde esse trágico acontecimento.»

Evocamos a II Grande Guerra para denunciar os responsáveis e os objectivos que estão por detrás de todas as guerras, as de hoje como as de ontem. Para lembrar que as guerras são inseparáveis dos projectos de dominação do grande capital e do imperialismo sobre os trabalhadores, os povos e os países, com o exclusivo objectivo de pilhar os recursos, dominar os mercados e aumentar a exploração, de que são exemplo os criminosos lançamentos pelos Estados Unidos das bombas atómicas sobre os milhões de habitantes de Hiroshima e Nagasaki, quando a guerra já estava resolvida.

Para avivar a memória da Guerra Colonial portuguesa que consumiu recursos enormes, impôs pesados encargos aos trabalhadores e ao povo e provocou trágicas consequências: um milhão e quatrocentos mil homens mobilizados, nove mil mortos e cerca de cem mil feridos ou incapacitados, incluindo cento e quarenta mil ex-combatentes sofrendo distúrbios pós-traumáticos, além das vítimas civis, até hoje ainda não contabilizadas. 

Para mostrar que na complexa e instável situação internacional dos nossos dias, os sectores mais agressivos do grande capital apostam na continuação das guerras, como resposta para a crise do sistema. Foi assim, com as guerras do Golfo à Jugoslávia, do Afeganistão ao Iraque, ao Líbano e Palestina.

O imperialismo tentou nestas duas décadas impor a sua dominação em cada país e em todo o mundo, procurando assegurar o controlo directo dos principais recursos energéticos mundiais, aniquilar os direitos soberanos dos povos e submeter todo o planeta à exploração do grande capital. 

Evocamos a II Grande Guerra para advertir que o mundo atravessa a mais grave crise económica e social desde esse trágico acontecimento. Que o grande capital, as suas instituições e os governos a ele submetidos, tentam fazer pagar aos trabalhadores e aos povos o preço da sua profunda crise, lançando uma ofensiva sem precedentes contra as suas conquistas e direitos económicos, cívicos e sociais, aumentando a exploração dos trabalhadores, aplicando sucessivas e brutais medidas de austeridade, enquanto intensificam os seus escandalosos lucros, numa lógica de preservação do sistema capitalista de exploração.

Para evidenciar que o violento ataque aos direitos dos trabalhadores e dos povos é indissociável do acelerado aumento da agressividade das grandes potências imperialistas, lideradas pelos EUA, envolvendo vários aliados europeus e a NATO, traduzida em conflitos, ingerências, bloqueios, ocupações e agressões militares, num quadro de uma persistente ofensiva contra as soberanias nacionais, rapina dos recursos naturais e domínio geoestratégico. É o que passa actualmente nos países do Médio Oriente, em África ou na América Latina. O perigo de um conflito militar de grandes proporções não deve ser subestimado.

Evocamos a II Grande Guerra para exigir o cumprimento, pelas autoridades portuguesas, dos princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa (CRP) e na Carta das Nações Unidas, de respeito pela soberania, independência, igualdade de direitos e resolução pacífica dos conflitos entre os Estados.

«Mais de 3 milhões de palestinianos estão refugiados em outros países na região. Mais de 80 % do seu território é hoje ocupado por Israel (...)»

Para avivar a memória de quem faz por esquecer o preceito constitucional contido no Art.º 7.º da CRP, que determina:   
«1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.
 2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
3. Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.»

Evocamos a II Grande Guerra para lembrar que, com quase 70 anos de existência, a NATO é um instrumento ao serviço dos interesses políticos, económicos e geostratégicos dos EUA e das grandes potências. A evolução da situação internacional demonstra que a NATO está ao serviço da ambição de domínio mundial dos EUA, representando a principal e a mais séria ameaça à paz no mundo, através da corrida aos armamentos e do aumento das despesas militares, mas também da ingerência, da desestabilização e das guerras de agressão contra os Estados e os seus povos.

Evocamos a II Grande Guerra para expressar solidariedade para países e povos que estão a sofrer ignóbeis guerras de agressão. É o caso, entre outros, do povo palestiniano que desde 1948, data da criação do Estado de Israel, tem sofrido a continuação de uma limpeza étnica, com a destruição de quatro quintos das suas cidades e aldeias e a expulsão de mais de 700 mil pessoas das terras roubadas por Israel, para repovoamento dos colonatos judaicos. 

Mais de 3 milhões de palestinianos estão refugiados em outros países na região. Mais de 80% do seu território é hoje ocupado por Israel e cercado por um muro de mais de 700 quilómetros na margem ocidental.

São 70 anos de guerras bárbaras, de violência, de milhares de mortes, de torturas e prisões, que Israel tem desencadeado contra as populações palestinianas. São 70 anos de discriminações sobre os trabalhadores palestinos, designadamente, nos salários, protecção social e condições de trabalho, negando-lhes assim os mais elementares direitos laborais e sociais, impedindo-os de viver e trabalhar com a dignidade a que têm direito.

«Acreditamos que é possível construir um mundo mais justo, mais solidário, de progresso e de paz, no respeito pela independência e soberania dos Estados (...)»

São 70 anos em que o agressor, o Estado de Israel, com o apoio dos EUA e das potências capitalistas e a conivência das instâncias internacionais, mantém o povo palestino aprisionado na sua própria pátria.

Finalmente, evocamos a II Grande Guerra para saudar os resistentes, os combatentes que derrotaram o nazi-fascismo e impuseram uma nova correlação de forças, possibilitando que muitos países seguissem uma via progressista e socialista, que muitos povos se libertassem da secular exploração e opressão colonial, levando à derrocada dos impérios coloniais; que o movimento operário alcançasse enormes conquistas sociais, económicas e políticas nos países capitalistas.

Em suma, que se tivesse trilhado um novo caminho de progressos e avanços libertadores nunca antes alcançados na História da Humanidade, que ainda hoje marcam a vida de milhões de homens e mulheres.

Evocamos a II Grande Guerra para afirmar que as guerras não são inevitáveis. Que as forças da Paz, os trabalhadores, os homens e as mulheres, a juventude, os povos têm uma palavra a dizer, porque a luta pela paz é inseparável da luta pelos direitos laborais e sociais dos trabalhadores e do povo.

Acreditamos que é possível construir um mundo mais justo, mais solidário, de progresso e de paz, no respeito pela independência e soberania dos Estados, na solidariedade internacionalista de todos os trabalhadores e na cooperação e amizade com todos os povos do mundo. 

Para defender a Paz, todos não somos demais! 

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