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EUA: Amazon bate recordes em despesas com campanhas anti-sindicais

O gigante do retalho gastou pelo menos 14,2 milhões de dólares em «consultores», o ano passado, no contexto da campanha para anular qualquer tentativa de formação de sindicatos na empresa.

A Amazon espera contratar cerca de 100 mil trabalhadores com vínculos temporários para a época natalícia. Para esses, o mínimo de 15 dólares por hora também será aplicado
É frequente, nos EUA, as grandes empresas contratarem consultores que se dedicam a criar e implementar campanhas anti-sindicais CréditosFriedemann Vogel / EPA

O valor relativo a 2022, divulgado numa informação do Departamento norte-americano do Trabalho, representa mais do triplo do que a Amazon gastou no ano anterior para tentar evitar que os trabalhadores se organizassem sindicalmente nos armazéns espalhados pelos EUA.

Em Abril de 2022, um armazém em Staten Island (Nova Iorque) tornou-se o primeiro do país a conseguir criar um sindicato na Amazon; no entanto, o gigante do comércio electrónico conseguiu impedir que o mesmo ocorresse noutros locais.

O periódico The Hill lembra que, nos Estados Unidos, é habitual as grandes empresas contratarem «consultores anti-sindicais», que criam e põem em prática estratégias para «convencer» os trabalhadores a não criarem uma organização sindical.

A mesma fonte indica que a Amazon «realizou inúmeras reuniões anti-sindicais, a que os trabalhadores eram obrigados a assistir, e colou cartazes com "Vote não" nos seus armazéns», referindo-se a estas medidas como «tácticas comuns».

Em Janeiro último, um juiz federal decretou que a empresa violou leis laborais «ao ameaçar reter aumentos salariais no caso de os trabalhadores votarem a favor da criação de um sindicato», indica ainda The Hill.

Na informação do Departamento do Trabalho, a Amazon escreveu que os consultores foram contratados para ajudar «a expressar a opinião da empresa sobre a representação sindical, e para educar os trabalhadores sobre essas questões, o processo eleitoral e os seus direitos ao abrigo da lei».

Uma representante da Amazon afirmou que as eleições sindicais em instalações da empresa exigiam uma maior comunicação com os trabalhadores e que era necessário garantir que «os nossos funcionários estavam inteiramente informados sobre os seus direitos e como as decisões sobre a representação externa poderiam ter impacto nas suas vidas diárias».

Num relatório recente, o Economic Policy Institute (EPI) estima que as grandes empresas gastem mais de 400 milhões de dólares por ano, nos EUA, em consultores que se dedicam a evitar a formação de sindicatos.

«As campanhas de organização sindical muito mediatizadas e os ataques a essas campanhas em empresas como Amazon, Starbucks e Google viraram os holofotes para os trabalhadores que lutam por melhores salários e condições de trabalho. Contudo, as tentativas de fazer descarrilar esses esforços por parte das empresas estão a aumentar, com um custo de mais de 400 milhões dólares por ano», lê-se no texto da EPI.

O documento nota, no entanto, que a estimativa é feita por baixo, uma vez que a legislação tem buracos que permitem às empresas não declarar aquilo que de facto gastam, afirmando que os consultores prestam simplesmente uma actividade de «assessoria».

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