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750 mil em Barcelona pela República e a liberdade dos «presos políticos»

Centenas de milhares de pessoas exigiram, este sábado, a libertação de Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, líderes da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e da Òmnium Cultural, bem como dos oito conselheiros da Generalitat, encarcerados após a aplicação do artigo 155.º pelo governo de Madrid.

Centenas de milhares de pessoas manifestam-se em Barcelona pela liberdade dos «presos políticos» e a República, 12 de Novembro de 2017.
Créditos / Twitter

Os mais de 900 autocarros fretados que foram chegando a Barcelona ao longo da manhã faziam prever uma grande mobilização e as previsões foram confirmadas pela Guarda Urbana (polícia municipal), que apontou para cerca de 750 mil participantes.

À frente da marcha, seguiam os familiares dos que estão na prisão, com faixas em que se lia «Liberdade presos políticos» e «Somos república».

A manifestação foi convocada pelas organizações independentistas Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium Cultural, cujos líderes, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, foram os primeiros a ser presos, no dia 17 de Outubro. Foram ambos acusados de sedição no âmbito dos protestos que antecederam o referendo sobre a autodeterminação do território autonómico, realizado a 1 de Outubro.

Também se encontram na cadeia oito membros do governo catalão destituído na sequência da declaração unilateral de independência da República catalã e da aplicação, por parte do governo de Madrid, do artigo 155.º da Constituição espanhola. No final da manifestação, foram lidas mensagens de todos eles.

«Não estão sozinhos»

Antes, ao longo do trajecto de 3,3 quilómetros da marcha, os manifestantes foram deixando claro, de forma praticamente ininterrupta, que reconhecem legitimidade a Puigdemont como seu presidente – encontra-se actualmente «refugiado» em Bruxelas, juntamente com quatro ex-membros do seu executivo –, que repudiam a aplicação do artigo 155.º e querem que as instituições sejam repostas.

«É Puigdemont, o nosso presidente», «não estão sozinhos», «presos políticos, liberdade» e «fora forças de ocupação» foram algumas das palavras de ordem mais ouvidas, informa eldiario.es.

Ao cair da noite e quando a parte dianteira da manifestação chegava ao fim do percurso, os manifestantes começaram a acender as lanternas dos seus telemóveis, tornando assim graficamente visível a dimensão do protesto.

Apelo à unidade

Na acto final, familiares e amigos leram as mensagens que os ex-conselheiros e os dois Jordis enviaram das prisões onde se encontram. Por vídeo, Carles Puigdemont e os membros do seu governo que estão na Bélgica também saudaram os presentes na manifestação. Todos foram ovacionados.

As eleições autonómicas marcadas para o próximo dia 21 de Dezembro, convocadas pelo governo de Mariano Rajoy ao abrigo da aplicação do artigo 155.º, estiveram muito presentes nas mensagens dos ex-conselheiros da Generalitat, como Meritxell Serret, que, desde Bruxelas, disse: «no dia 21 de Dezembro vamos ganhar a liberdade do nosso país e dos nossos presos políticos.»

Na sua mensagem, o ex-conselheiro da Justiça, Carles Mundó, salientou que «os problemas políticos nunca se resolveram nos tribunais», enquanto as ex-conselheiras Dolors Bassa e Meritxell Borràs, presas em Alcalá-Meco, lembraram que, «depois de terem sido colegas no governo, agora são companheiras de cela», por «um país onde toda a gente tenha lugar e valha a pena viver».

Na mensagem gravada em Bruxelas, Carles Puigdemont referiu-se à União Europeia, pedindo-lhe que «deixe de olhar para o lado». No final destas mensagens, o presidente substituto da Òmnium, Marcel Mauri, mandou um recado ao governo espanhol: «Somos os netos dos que combateram o medo perdendo a vida numa ditadura, e não, não passarão.»

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