Inspirada na obra homónima de Martha Batalha, a longa-metragem de Karim Aïnouz, realizador de Madame Satã, conta a história de duas irmãs, separadas pelas imposições da família, da moral e da sociedade, e da sua luta para se reencontrarem.
Na apresentação do filme, a que o AbrilAbril teve acesso, lê-se que este «melodrama tropical faz um tocante retrato de uma geração de mulheres na era da pré-emancipação feminina, tocando temas como a violência física, social e sexual».
De acordo com o realizador, que viu o seu trabalho censurado pela Agência Nacional do Cinema do Brasil (Ancine), o filme pretende dar visibilidade a toda uma geração de mulheres, cujas histórias não foram suficientemente contadas pelo cinema e pela literatura.
Neste caso, uma «história de solidariedade filmada com uma proximidade pulsante, onde a câmara se move à velocidade das acções das suas personagens principais, celebrando as características estéticas do melodrama e usando-as para desenhar uma crítica social que é, ao mesmo tempo, visualmente avassaladora, trágica e crua».
O filme coloca questões essenciais sobre a emancipação feminina que, atenta Karim Aïnouz, ainda hoje não devem ser tomadas como adquiridas. A visão das mulheres dos anos 50 sobre o sexo, como é que as mulheres preveniam a gravidez e como sobrevivia uma mãe solteira no seio de uma sociedade «que a excluía de forma tão horrível» são algumas das questões abordadas.
Premiada no Festival de Cannes de 2019, na secção «Um Certain Regard», a película conta com as interpretações de Carol Duarte, Julia Stockler, Gregório Duvivier, Bárbara Simões, Flávia Gusmão, Maria Manoella, António Fonseca, Cristina Pereira, Gillray Coutinho e a participação especial de Fernanda Montenegro.
Na passada sexta-feira, artistas e intelectuais brasileiros, portugueses e de outras nacionalidades assinaram um artigo contra a «escalada autoritária, reflectida numa sistemática tentativa de controle e cerceamento de várias instituições culturais, científicas e educacionais brasileiras», por parte do governo de Jair Bolsonaro.
Entre os subscritores estão Caetano Veloso, Chico Buarque, Sting, Willem Dafoe, Noam Chomsky, Maria Gadú, Valter Hugo Mãe e Boaventura Sousa Santos.
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