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O multipremiado «Utama» é uma «janela para conhecer a Bolívia»

Com participação em 60 festivais e quase três dezenas de prémios, Utama (2022) é um dos filmes enviados ao Festival de Havana para eventual exibição, confirmou o seu realizador, Alejandro Loayza.

Créditos / opinion.com.bo

«Um dos nossos grandes desejos é participar nesse acontecimento cultural [1-11 de Dezembro]. Enviámos o filme e esperamos ser seleccionados, pois muitos amigos me disseram que é um festival imperdível e uma experiência única», afirmou o jovem cineasta boliviana em declarações à Prensa Latina.

Loayza (1985) defendeu que os espectadores do continente americano devem apoiar as criações cinematográficas da região, contribuir com a sua presença nas salas para o consumo do cinema latino-americano.

«Se fazemos mais filmes e temos um mercado mais saudável, vamos conseguir produzir e ver mais realizações na nossa própria língua e da nossa própria cultura», afirmou o realizador à agência cubana.

Questionado sobre o êxito internacional de Utama desde a sua participação, em Janeiro deste ano, no festival norte-americano de Sundance, sobre as distinções que se seguiram na Europa e sobre a grande aceitação que está a ter agora no seu país, onde acabou de estrear nas salas comerciais, Loayza mostrou-se muito satisfeito.

«Estávamos muito ansiosos por este momento, e saber que as pessoas reagem positivamente é muito gratificante», comentou, referindo-se também à emoção que sentiu na noite de estreia em La Paz, quando uma família se aproximou da equipa de realização e, com lágrimas nos olhos, abraçou e saudou os protagonistas, que não são actores profissionais.

Uma história no Altiplano

Alejandro Loayza disse que, antes de chegar à Bolívia, o filme já tinha participado em 60 festivais, tendo recebido 29 prémios, algo que o faz sentir-se muito orgulhoso, na medida em que este projecto, produzido em conjunto com o seu pai, o também cineasta Marcos Loayza, e com o seu irmão Santiago, conseguiu levar ao mundo uma história boliviana que chama a atenção.

«O filme vai estrear em salas nuns 18 países e já está em França, Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos, Itália, países da ex-Jugoslávia, Roménia, República Checa, e no nosso continente será exibido proximamente no Uruguai, além da Bolívia», disse.

O também fotógrafo, cineasta de formação autodidacta – pela influência do pai, por muitas leituras e por muito ver cinema – explicou à Prensa Latina que a ideia do filme lhe surgiu a partir de um grande percurso pela sua terra.

«Fizemos uma série de viagens por todo o país com o documentário Planeta Bolivia, vimos diferentes realidades e latitudes, e foi assim que nasceu a vontade de contar a história de um amor único e enorme», disse.

O realizador definiu a sua primeira longa-metragem como «uma janela para conhecer a Bolívia», e explicou que Utama significa «nossa casa» em língua aymara.

Rodada em 2019 em Potosí (Sudoeste da Bolívia), a obra narra a vida de um casal de idosos na região do Altiplano, onde são confrontados com uma grave seca e com o dilema de migrar, como o resto da comunidade, ou ficar e sobreviver.

Com realização independente, o filme contou com fundos promocionais da Bolívia, do Uruguai e de Espanha.

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