Professores do Ensino Superior contra aumento de carga horária

Docentes do Ensino Superior lançaram um manifesto sobre o agravamento das condições laborais dos professores com vínculos precários, nomeadamente o aumento da sua carga horária sem correspondência salarial.

Professores do Ensino Superior Público alertam para a situação precária de muitos docentes
Créditos

Este Manifesto é dirigido ao Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e conta com docentes do Ensino Superior Público nos 45 primeiros subscritores, sendo que hoje já é subscrito por mais de 90 pessoas. O manifesto também foi transformado numa petição pública online.

O Manifesto explica que no final do último ano lectivo, quando em muitos estabelecimentos já tinham sido discutidos e aprovados os mapas de distribuição de serviço docente, várias instituições do Ensino Superior Público fizeram aprovar despachos que alteram o regime de horas semanais dos professores convidados a tempo parcial, impondo-lhes uma maior carga lectiva.

Os professores consideram que esta alteração representa a adopção de medidas discriminatórias relativamente aos restantes professores. De acordo com o que é afirmado no Manifesto, a alteração legitima «uma real desvalorização do trabalho docente, diminuindo significativamente o valor da remuneração/hora; degrada as condições de trabalho destes professores, impondo-lhes uma carga lectiva desproporcional à sua percentagem contratual; agrava as condições de precariedade, exploração e subalternização impostas pelo seu vínculo laboral».

Milhares de vínculos precários

São milhares os professores com vínculos precários. O manifesto lembra que, com o estrangulamento orçamental das instituições do Ensino Superior, «agravado mais uma vez este ano, os órgãos de gestão das Faculdades e Politécnicos têm recorrido de forma abusiva à contratação a termo de professores convidados, à sobrecarga lectiva por parte dos restantes docentes bem como ao uso de bolseiros para actividades lectivas não remuneradas». Lembram ainda que a larga maioria dos professores com vínculos precários desempenha necessidades permanentes de docência, ocupando já uma considerável parcela do corpo docente. Em simultâneo, a carreira docente universitária, vedada a estes professores por insuficiente abertura de concursos públicos, vai-se progressivamente esvaziando, com docentes que se vão reformando «e não vão sendo devidamente substituídos».

Alertando também para a «apetecível privatização e mercantilização do ensino, já desbravadas pela conversão de algumas Universidades em Fundações», os professores afirmam no manifesto que a precariedade e a degradação das condições de trabalho não servem os professores com contratos a prazo, nem os chamados professores de carreira, e defendem a igualdade de todos os professores, dando como exemplo o salário («a trabalho igual deve corresponder salário e condições iguais»).

Consideram urgente que o actual Governo abra concursos públicos que possibilitem uma carreira docente universitária compatível com as reais necessidades dos estabelecimentos de ensino.

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui