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«Problema dos CTT está na sua privatização»

A população de Loulé, no Algarve, protestou esta segunda-feira contra a intenção anunciada pela administração dos CTT de encerrar a estação na cidade e a degradação do serviço prestado desde a sua privatização. 

«As populações estão a ser sacrificadas para que os novos donos privados dos CTT tenham mais lucros», frisou Paulo Sá
Créditos / AbrilAbril

A tribuna pública foi organizada pelo PCP e contou com a participação do eleito à Assembleia da República pelo círculo do Algarve, Paulo Sá. Na sua intervenção, denunciou a «política de abandono» dos serviços públicos, promovida a nível nacional por sucessivos governos, com «duras consequências» para a população.

No caso dos CTT, as várias manifestações realizadas desde o início do ano contra o encerramento dos postos evidenciam a degradação da qualidade do serviço postal, designadamente nos atrasos da correspondência, no aumento das tarifas e na redução de pessoal, desde a privatização.

Paulo Sá recordou que «há vastas zonas do País onde o correio só está a ser distribuído uma ou duas vezes por semana» e que, recentemente, «chegou a haver 15 dias de atraso na chegada dos vales postais com as pensões de reforma». «E agora querem encerrar mais 22 estações e postos dos CTT, entre eles este aqui de Loulé», acrescentou.

Relativamente ao pacote de medidas anunciado pela administração dos CTT, onde se conta o encerramento de 22 postos de Correios e a ameaça de despedimento de 800 trabalhadores, Paulo Sá admitiu que o objectivo da empresa é «espremer ao máximo os CTT para aumentar lucros dos accionistas privados».

Uma estratégia «predadora», disse depois, contrária aos interesses das populações e dos trabalhadores. «Sejamos muito claros, o problema dos CTT está na sua privatização», reiterou, recordando em seguida que, ao longo de mais de 500 anos, os Correios asseguraram a prestação dos serviços postais «em condições que lhe granjearam o apreço da generalidade dos cidadãos e das entidades que a eles recorreram, contribuindo para a coesão social, económica e territorial do País».

A população exige que o Estado assuma a responsabilidade e assegure que os serviços postais são prestados em condições de igualdade a todos os cidadãos, o que na prática significa a retoma do controlo público da empresa. 

Paulo Sá recordou que, em Julho do ano passado, o PCP propôs no Parlamento a reversão da privatização dos Correios, mas o documento haveria de ser chumbado pelo PS, PSD e CDS-PP [a mesma tríade que em 2011 subscreveu o memorando da troika, no qual se previa a venda de um conjunto de empresas nacionais, designadamente os CTT].

O deputado alertou, porém, que «se este caminho não for interrompido, os CTT ficarão numa situação de tal debilidade que a sua viabilidade estará comprometida. Não podemos assistir, de braços cruzados, à destruição de mais uma empresa nacional».

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