Bloco fecha convenção com apupos ao Syriza

Catarina Martins promete referendo a sanções europeias

A Convenção do BE encerrou com a reeleita Catarina Martins a criticar «os chefes da União Europeia» e fixa objectivo para salário mínimo nos 557 euros em 2017.

Francisco Louçã foi um observador atento da Convenção do BE.
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O Bloco encerrou o encontro máximo do partido sob o signo da unidade, com a moção promovida pelas principais facções a recolher 82,9% dos votos e 64 dos 80 eleitos para a Mesa Nacional. Depois da estrela do primeiro dia ser o representante do Podemos (Espanha), ao segundo dia ouviram-se apupos a organizações convidadas pelos bloquistas. Primeiro foi o Syriza, anterior referente europeu para o Bloco, e depois a central sindical UGT.

A actualidade europeia continuou a conduzir os discursos, e a coordenadora do BE prometeu que o partido vai propôr um referendo como resposta a eventuais sanções que sejam aplicadas a Portugal pela Comissão Europeia por incumprimento das regras orçamentais em 2015. Martins afirmou que «somos europeus» mas quer influenciar o rumo da política europeia e para isso lançou a ideia de uma «Assembleia Europeia das Alternativas». O Bloco já partilha espaços a nível europeu, como o GUE/NGL (Parlamento Europeu) e o Partido da Esquerda Europeia, do qual Marisa Matias é vice-presidente com o grego Alexis Tsipras.

No plano interno, Catarina Martins apontou como objectivo para o salário mínimo nacional os 557 euros em 2017, abaixo dos 600 defendidos pelo BE na última campanha eleitoral. O Bloco quer ainda o descongelamento do Indexante de Apoios Sociais, para permitir a subida dos apoios sociais, e o aumento das pensões.

Quem acompanha referendo a sanções? Nem Governo nem partidos.

O secretário de Estado para os Assuntos Parlamentares disse que o Governo está empenhado em rejeitar eventuais sanções e em, «participando na União Europeia, lutar por uma Europa que dê resposta aos nossos problemas». Muitas das propostas avançadas nesta Convenção já estão no Programa de Governo e nas posições conjuntas subscritas entre os partidos, considerou Pedro Nuno Santos.

Armindo Miranda (PCP) sublinhou que o que importa não é referendar sanções, mas «recuperar a soberania». Sobre o aumento das pensões, lembrou que não é preciso esperar pelo Orçamento do Estado para 2017 já que PCP apresentou na Assembleia da República uma proposta nessse sentido: «basta que o Bloco e o PS votem a proposta» para que esse aumento se verifique.

O PS acredita que não haverá sanções a Portugal e que não é tempo para referendos em Portugal, garantiu Ana Catarina Mendes. A secretária-geral adjunta do PS não se quis comprometer com qualquer das medidas reivindicadas pelos bloquistas para o Orçamento do Estado para 2017.

A deputada de «Os Verdes» considera que o BE precisa de clarificar a proposta de referendo. «O referendo é uma coisa demasiado séria para ser entendido como uma forma de chantagem», clarificou Heloísa Apolónia.

Arménio Carlos saudou as propostas avançadas por Catarina Martins, que considera importantes para o caminho de devolução de rendimentos. O secretário-geral da CGTP-IN lembrou que a contratação colectiva não pode ficar de fora de um caminho de ruptura, sinalizando um discurso pouco alinhado com as questões do trabalho.

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