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Breve lembrança de Caracas a Saigão – honra aos heróis!

No dia 21, morreu Argenis Martínez, um dos heróis da «Operação Van Troi», que, em 1964, pôs os «gringos» em sentido e elevou ao patamar mais alto o sentido da expressão «solidariedade internacionalista». A República Socialista do Vietname jamais os esqueceu.

Créditos / JCV

Na quarta-feira, Roso Grimau, presidente da Casa de Amizade e Solidariedade Venezuela-Vietname, pôs-nos ao corrente, via Twitter, da triste notícia: no dia 21, com 72 anos de idade, morreu Argenis Martínez, um dos heróis da «Operação Van Troi», que, em 1964, pôs os «gringos» em sentido e elevou ao patamar mais alto o sentido da expressão «solidariedade internacionalista». A República Socialista do Vietname jamais esqueceu a entrega de quem arriscou a vida, no outro cabo do mundo, para tentar salvar a de um vietcongue condenado à morte, Nguyen Van Troi.

A história deste vietcongue correu mundo, numa altura em que o heróico povo vietnamita, na longa luta que travou pela soberania e a independência nacional, e pela reunificação da sua pátria, fazia frente à agressão norte-americana (1954-1975) – depois de ter combatido o colonialismo francês (até 1940), a ocupação japonesa (1940-1945) e novamente o colonialismo francês (1946-1954).

Membro da Frente Nacional de Libertação do Vietname, que operava no Sul do país, Nguyen Van Troi, de 24 anos, foi preso a 9 de Maio de 1964, em Saigão (actual Cidade de Ho Chi Minh), quando colocava explosivos na ponte Cong Ly, que hoje vai dar à avenida Van Troi e onde então deveriam passar Robert McNamara, secretário da Defesa, e Henry Cabot Lodge, embaixador dos EUA.

Submetido a violentos interrogatórios, torturado, Van Troi foi condenado à morte a 10 de Agosto, assumindo que tinha querido matar McNamara «porque era um inimigo da pátria». À beira de se cumprir a sentença, em Outubro desse ano, um telegrama da Associated Press dava conta de que, em Caracas, um agente da CIA, o tenente-coronel Michael Smolen, tinha sido capturado por um grupo das Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN) e que seria executado se o fuzilamento de Van Troi fosse por diante.

A 9 de Outubro de 1964, no outro cabo do mundo, quatro militantes da Juventude Comunista da Venezuela e membros da Unidade Táctica de Combate «Iván Barreto Miliani», das FALN, executaram na perfeição a «Operação Van Troi». Os objectivos eram dois, segundo declara Roso Grimau num texto divulgado em 2013 pela Agencia Venezolana de Noticias: solidariedade com a luta heróica do povo vietnamita contra a agressão norte-americana, exigindo a libertação de Nguyen Van Troi; repúdio pelo intervencionismo da missão militar dos EUA em solo venezuelano.

O governo de Raúl Leoni foi de imediato pressionado pelos norte-americanos e, por ordem do ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Gonzalo Barrios, os comunistas sofreram duras represálias. Grimau afirma que foram detidas mais de 15 mil pessoas, que 300 ficaram detidas para averiguações e que pelo menos 20 militantes da Juventude Comunista foram torturados.

No noite de dia 12, as FALN libertaram o agente Smolen. Ao inteirar-se da situação, os norte-americanos ordenaram aos seus esbirros no Sul do Vietname que fuzilassem Von Troi, o que veio a ocorrer no dia 15. Na Venezuela, continuaram a ser presos comunistas, jovens na sua maioria.

A 30 de Abril de 1975, Saigão é libertada e cai o regime fantoche até então sustentado pelos gringos no Sul. A 2 de Julho do ano seguinte, dá-se a reunificação. Hoje, Van Troi é um herói nacional do Vietname e Vera Betancourt, Carlos Rey, Noel Quintero e Carlos Argenis Martínez Villalta jamais ali foram esquecidos.

Em 2008, receberam o carinho da viúva de Van Troi e da vice-presidente da Assembleia Nacional do Vietname, instituição que, em 2010, lhes atribuiu a Medalha «Pela Paz e a Amizade entre os Povos». Em 2013, numa visita à Venezuela, o Presidente da República, Truong Tan San, agradeceu-lhes a gesta solidária. No mesmo ano, o embaixador em Caracas entregou-lhes, numa cerimónia na Assembleia Nacional venezuelana, certificados de reconhecimento à sua heroicidade.

Ontem, a Alba Ciudad dava conta de que a rádio Voz do Vietname emitira uma nota de pesar pela morte de Argenis Martínez, na qual reiterava «o profundo agradecimento aos heróis da "Operação Van Troi", bem como a solidariedade com o governo e povo bolivarianos». No Vietname, os meninos vão continuar a saber quem é Nguyen Van Troi e Argenis Martínez. Honra aos heróis!

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