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Utentes do concelho de Grândola reclamam mais e melhor saúde

Três mil utentes não têm médico de família, nem assistência médica a partir das 22h. Falta ambulância de Suporte Imediato de Vida e, em caso de doença aguda, pacientes têm de percorrer mais de 60 quilómetros. 

Créditos / Rádio Campanário

A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Grândola está a realizar, até ao final do mês, uma jornada de informação, divulgação e propostas de melhoria do funcionamento do Serviço Nacional de Saúde neste concelho do Litoral Alentejano, com a distribuição de um comunicado à população.

No documento, a que o AbrilAbril teve acesso, a Comissão de Utentes elenca uma série de denúncias e reivindicações pela melhoria dos cuidados de saúde naquele território, consciente de que, a deterioração no acesso a que o País vem assistindo nas últimas décadas, «fruto de opções economicistas de concentração e redução dos serviços prestados aos cidadãos», é especialmente sentida no Interior. Entre os exemplos está a Extensão de Saúde do Canal Caveira, onde os utentes «só têm acesso» a cuidados médicos uma vez por mês e não há cuidados de enfermagem, «que para isso têm de recorrer ao Centro de Saúde de Grândola».

A estrutura lembra que no concelho de Grândola, onde existem cerca de 14 mil utentes, 3000 não têm médico de família e a situação pode agudizar-se, defende, com a saída de clínicos para a reforma. Denuncia, por outro lado, que os utentes «são essencialmente idosos» e os transportes para a sede de concelho «quase inexistentes aos fins-de-semana e feriados, mas também fora do período escolar, quando o Serviço de Atendimento Complementar do Centro de Saúde de Grândola está em funcionamento». 

Segundo o comunicado, a partir das 22 horas, estes utentes «ficam sem assistência médica, não têm um Serviço de Atendimento Permanente», nem uma Ambulância Suporte Imediato de Vida, sendo obrigados a percorrer mais de 60 quilómetros em caso de doença aguda, «com todos os riscos que esta circunstância comporta» e com «um acréscimo de custos financeiros com as deslocações», a que se junta o pagamento das taxas moderadoras, cujo fim a comissão reclama. 

Os utentes reclamam o funcionamento regular da Extensão de Saúde do Canal Caveira, com a colocação de um médico, uma vez por semana, e a «ida regular» de um enfermeiro, bem como a reabertura do Serviço de Atendimento Permanente no Centro de Saúde de Grândola, 24 horas, «cumprindo assim a Resolução n.º 57/2011 aprovada na Assembleia da República em 22 de Março de 2011». 

A contratação dos profissionais de saúde em número necessário e a redução do número de utentes por cada médico de família, passando de 1900 para 1500 são outras reivindicações que têm motivado a luta destes utentes. 

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