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Trabalhadores da TV pública argentina denunciam «censura»

Funcionários da Televisión Pública de Argentina divulgaram um documento interno em que responsáveis do canal pedem explicações a um jornalista por chamar «presidente autoproclamado» ao golpista Guaidó.

Protesto dos trabalhadores da TV Pública argentina em Buenos Aires (foto de arquivo)
Créditos / lmdiario.com.ar

Os trabalhadores da Televisión Pública de Argentina, conhecida como Canal 7, alertaram esta segunda-feira para a prática de «censura» no canal estatal, tendo denunciado que responsáveis pediram explicações a um apresentador que, num noticiário, chamou «presidente autoproclamado» ao membro da extrema-direita venezuelana Juan Guaidó, bem como a «perseguição» aos jornalistas que não seguem um discurso alinhado com o do governo de Mauricio Macri, refere a RT.

A denúncia foi acompanhada por um documento interno (um e-mail) no qual a Direcção de Recursos Humanos do canal, alertada pela Direcção de Informação, pede ao apresentador do noticiário que dê explicações, no prazo de 24 horas, sobre «as razões da sua conduta» – ter utilizado, num serviço noticioso emitido dia 1 de Maio, a expressão «autoproclamado presidente da Venezuela, referindo-se a Juan Guaidó», lê-se no texto dirigido ao jornalista.

De acordo com as autoridades do canal, a designação atribuída ao deputado da oposição que está a mando de Washington na Venezuela constitui «um conceito político cuja utilização comunica necessariamente uma interpretação subjectiva relativamente a um conflito político e social, e não uma cobertura objectiva e informativa de um facto acontecido».

«Comissários políticos» para controlar a informação

Os trabalhadores do canal estatal, filiados no Sindicato de Prensa de Buenos Aires (SiPreBa), acusam ainda o Director de Informação, Néstor Sclauzero, de, a poucos meses das eleições presidenciais na Argentina, ter dedicido integrar «comissários políticos» para realizar tarefas «semelhantes às dos chefes» das diversas redacções, e cuja contratação não foi concretizada através de concursos públicos, tal como a Lei exige.


Os trabalhadores sublinham que a TV Pública paga agora «salários altíssimos» a gente de fora «para controlar a linha editorial», quando, com recurso ao argumento da «política de austeridade», muitos jornalistas deixaram de apresentar os noticiários, o canal estatal deixou de emitir noticiários aos fins-de-semana e se recusa a negociar a actualização salarial dos funcionários, indicam RT e HispanTV.

Na sequência das várias denúncias dos trabalhadores do Canal 7, que, já em Março, emitiram um comunicado sobre esta situação, Emilio Laferriere, vice-presidente da Radio y Televisión Argentina Sociedad del Estado, refutou as acusações, garantindo que no canal estatal «há liberdade de expressão» e «não há censura».

Referindo-se à Venezuela, disse que a posição do Canal 7 «é coerente com a postura da Argentina, da comunidade internacional e dos organismos internacionais de Direitos Humanos».

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