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ROC da Caixa aponta responsabilidades políticas

Em audição no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos, Manuel de Oliveira Rego apontou responsabilidades políticas de vários governos em negócios duvidosos.

Sede da «Caixa» foi inaugurada em 1994
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O revisor oficial de contas (ROC) da Caixa Geral de Depósitos (CGD) até 2016, Manuel de Oliveira Rego, foi ouvido ontem no Parlamento. Das suas declarações resulta a possível existência de responsabilidades no acompanhamento político e financeiro do banco, quer pela tutela, quer pelo Banco de Portugal (BdP).

O ROC ouvido confirmou a elaboração e envio para os vários governos, em particular para o Ministério de Finanças, de relatórios trimestrais, assim como o envio para o BdP de relatórios anuais. Nesses relatórios constavam referências a irregularidades detectadas e possíveis consequências decorrentes da concessão de créditos, designadamente para a aquisição de acções, como aconteceu com a compra de acções do BCP, que veio a ter como consequência a perda de 559 milhões de euros.

Aquelas instituições tiveram acesso às informações que punham em causa as contas do banco público mas nem o Executivo, nem o BdP diligenciaram quaisquer contactos junto do ROC para eventuais esclarecimentos.

Quando questionado pelo deputado do PCP Paulo Sá sobre os créditos para compra de acções do Banco Comercial Português, o ROC afirmou mesmo que «isso era uma doença», cujo risco seria transferido para a CGD. Outros negócios e investimentos realizados entre 2000 e 2015, que se confirmaram como ruinosos para o banco público, encontram-se agora a ser escrutinados em sede da referida Comissão.

A audição do ROC, a par das audições dos últimos dois dias do actual e anterior governadores do BdP, Carlos Costa e Vítor Constâncio, confirmam, nesta fase, a inutilidade da supervisão.

A Comissão Parlamentar de Inquérito lançada após divulgação do relatório da empresa EY (antiga Ernst & Young), do qual se concluiu a concessão de créditos ruinosos no valor superior a 1,6 mil milhões entre 2000 e 2015, prossegue agora o trabalho com várias audições marcadas.

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