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|solidariedade internacionalista

Desfile em Lisboa pelo fim da guerra e pela libertação da Palestina

Uma manifestação juntou milhares de pessoas em Lisboa para rejeitarem a guerra e os massacres e defenderem a urgência da paz no Médio Oriente e de uma Palestina finalmente independente.

Milhares de manifestantes, convocados pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) e por mais de 30 associações populares, sindicais e políticas, desfilaram do Martim Moniz à Praça do Município, pela Paz no Médio Oriente e por uma Palestina independente. Lisboa, 29 de Outubro de 2023
Milhares de manifestantes, convocados pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) e por mais de 30 associações populares, sindicais e políticas, desfilaram do Martim Moniz à Praça do Município, pela Paz no Médio Oriente e por uma Palestina independente. Lisboa, 29 de Outubro de 2023CréditosJoão Santos / AbrilAbril

Os manifestantes concentraram-se no Largo Martim Moniz e desfilaram, debaixo de chuva, até à Praça do Município, empunhando cartazes em que se lia «Paz no Médio Oriente», «Fim à ocupação», «Pela paz, não à escalada da guerra» e «Palestina livre e independente», enquanto gritavam «Paz sim, guerra não», «Palestina vencerá», «guerra não é prisão, massacre e cerco não», «com justiça e paz, Palestina vencerás», noticia a Lusa.

A manifestação, sob o lema «Paz no Médio Oriente, Palestina Independente», foi convocada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN), mas a ela aderiram dezenas de associações populares e cívicas, como, por exemplo, a Associação José Afonso, a Fundação José Saramago, o movimento Vida Justa, a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e as associações de estudantes da FCSH-UNL e FLUL.

Delegações do PCP e do BE juntaram-se ao protesto. O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, em declarações à Lusa, referiu que os trabalhadores e as populações querem a paz e não a guerra – «a guerra não serve o povo, não serve os trabalhadores», afirmou – e que mais cedo ou mais tarde vão mesmo travar o genocídio e este massacre que está em curso», afirmou Paulo Raimundo. A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu a urgência de um cessar-fogo e classificou o massacre de milhares de civis como o resultado de uma política de genocídio. «Isto não é defesa, isto é um crime internacional, uma punição colectiva ao povo palestiniano», declarou à Lusa.

Os motivos que levaram o MPPM, o CPPC e a CGTP-IN a lançar a manifestação foram o facto de Gaza «estar sem luz eléctrica, sem água, sem comida, sem medicamentos», numa situação em que «ambulâncias, pessoal médico, instalações médicas, hospitais, caravanas de refugiados, bairros residenciais são alvo de ataques e de bombardeamentos» e «dezenas de trabalhadores de apoio humanitário e da ONU foram mortos pelos ataques israelitas», só se agravaram nos cinco dias que decorreram desde a convocatória.

«A guerra também tem regras», dizem na comunicação social e entre as elites políticas da União Europeia. As «democracias» nunca falham em observá-las, asseguram. «Todos os que desde há uma semana repetem, como autómatos», que Israel tem o direito a defender-se a todo o custo, «todas e todos os que alucinadamente proclamam a necessidade de um banho de sangue, não importa quantas crianças morram, israelitas ou palestinas – todas e todos eles são responsáveis pelo que está a acontecer».

«É urgente um cessar-fogo imediato, para pôr fim às mortes, à violência e ao sofrimento. É preciso restabelecer o abastecimento de água, alimentos, energia e combustíveis na Faixa de Gaza e permitir a entrada urgente da ajuda humanitária. É preciso calar as armas e trilhar os caminhos da solução política para a questão palestiniana e para a paz no Médio Oriente».

Um palestiniano carrega uma vítima a seguir ao bombardeamento por Israel sobre um quarteirão residencial na Cidade de Gaza, a 28 de Outubro de 2023.  CréditosMutasem Murtaja / REUTERS

Uma contabilidade tenebrosa, mas indesmentível

A acção de solidariedade com o povo palestiniano decorreu no dia em que foram ultrapassados os 8 mil palestinianos mortos pelo exército israelita desde o início da ofensiva desencadeada por este sobre a Faixa de Gaza, em resposta a um ataque do Hamas, ocorrido a 7 de Outubro, que causou 1400 mortos israelitas, entre militares e civis.

A esmagadora maioria das mortes acontece na Faixa de Gaza, embora se registem cerca de 120 mortos na Cisjordânia ocupada. Sublinhe-se que, entre os mortos, se encontram mais de 3300 crianças, mais de 2000 mulheres e 460 idosos, 116 trabalhadores da saúde, 34 jornalistas, 127 professores e educadores, 39 trabalhadores humanitários da agência das Nações Unidas para a Palestina. Números todos por baixo: cerca de 1900 palestinianos, entre os quais mais de 1000 crianças, continuam desaparecidos algures debaixo dos escombros, e a probabilidade de terem sobrevivido é extremamente baixa.

Quanto aos feridos, andam muito perto de 22 mil, cerca de 20 mil em Gaza e os restantes na Cisjordânia ocupada, entre eles cerca de 6500 crianças. As unidades habitacionais destruídas são 190 mil, distribuídas por 6500 prédios e cerca de 16,5 mil casas. Destruídas foram também 3 igrejas, cerca de 40 mesquitas, quase 80 edifícios governamentais e 35 escolas. Outras 154 escolas foram parcialmente destruídas e 20 hospitais sofreram danos por bombardeamentos próximos.

Sob o efeito dos ataques israelitas, a população deslocada atingiu um número assombroso: 1,5 milhões num total de 2,3 milhões de habitantes, 65% da população.

Os dados acima referidos provêm do Gabinete Central de Estatísticas do Estado da Palestina (PCBS, de Palestinian Central Bureau of Statistics) e estão actualizados até às 12:40 horas (hora local). Contêm informação obtida directamente na Cisjordânia e a partir do Ministério da Saúde, na Faixa de Gaza.

Autoridades de Gaza têm sido consistentes, afirmam peritos humanitários

Os EUA procuraram desvalorizar os números de Gaza por serem fornecidos pelo Hamas, que aí governa, colocando a hipótese de os mesmos serem inflacionados com motivos propagandísticos.

Depois de o presidente Joe Biden ter afirmado, por entre os pesados bombardeamentos de Israel sobre a Faixa de Gaza, que reduziram quarteirões inteiros a escombros, e as terríveis consequências que estavam a ter entre os civis palestinianos, que «não tinha noção de se os palestinianos estavam a dizer a verdade sobre quantas pessoas tinham sido mortas», o porta-voz norte-americano para a segurança, John Kirby, afirmou a jornalistas, na quinta-feira, que o «chamado» Ministério da Saúde de Gaza era «uma fachada para o Hamas».

No dia seguinte a Organização das Nações Unidas (ONU), por intermédio de Philippe Lazzarini, director da agência daquela entidade para os refugiados palestinianos (UNRWA), veio afirmar que os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza «tinham-se provado consistentes» no passado e que «poucos tinham duvidado da [sua] credibilidade em guerras anteriores». Lazzarini disse aos repórteres que «no passado, em cinco a seis ciclos de conflitos na Faixa de Gaza, esses números foram considerados credíveis e, na verdade, ninguém os desafiou».

O Ministério da Saúde, que utiliza dados de morgues e hospitais para obter o número de baixas palestinianas, publicara na véspera um documento de 212 páginas com os nomes e os documentos de identificação de palestinianos mortos desde 7 de Outubro, escreve a Al-Jazeera.

Segundo Yara Asi, uma especialista em saúde pública palestino-americana da Universidade da Flórida Central, declarou previamente ao mesmo canal de notícias, «contestar aqueles números é assumir totalmente uma parcialidade por Israel e mais uma forma de desumanizar os palestinianos».

Grupos humanitários, organizações internacionais – incluindo a ONU – meios de comunicação e até departamentos do governo dos EUA têm citado os números do Ministério da Saúde de Gaza e normalmente dão-os como credíveis.

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