Entre Janeiro e Março deste ano, morreram assassinados 48 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos, mais seis que em igual etapa de 2021.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) informou ainda que, entre 1 de Janeiro e 30 de Março último, foram perpetrados 27 massacres, com um saldo de 94 vítimas mortais, enquanto no mesmo período de 2021 se registaram 23 massacres e 84 mortes.
O organismo registou ainda o assassinato de 11 ex-guerrilheiros farianos subscritores do acordo de paz neste primeiro trimestre de 2022, o que, não sendo um dado positivo, é um número inferior aos 14 do ano passado.
Tanto o Indepaz como as Nações Unidas alertam para a espiral de violência que se vive no país sul-americano. A ONU referiu recentemente que, por comparação com 2021, nos primeiros dois meses de 2022 se verificou um aumento exponencial – superior a 600% – de pessoas afectadas pela violência na Colômbia.
«Falsos positivos» em Puerto Leguízamo
Ao longo desta semana, várias organizações sindicais, agrícolas, indígenas e afrodescendentes denunciaram o assassinato de 11 pessoas em Puerto Leguízamo (departamento de Putumayo) às mãos do Exército colombiano, que as apresentou como «baixas» de grupos dissidentes das ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP).
Também o ministro da Defesa, Diego Molano, e o presidente do país, Iván Duque, se referiram aos defuntos deste modo.
Esta quinta-feira, a Red de DD.HH de Putumayo já tinha identificado seis das vítimas mortais, nenhuma delas se enquadrando naquilo que foi apresentado como versão oficial.
Durante o conflito armado, foi comum o Exército colombiano recorrer a este metódo: matar um grupo de camponeses e apresentá-los como guerrilheiros (os chamados «falsos positivos»).
Uma testemunha disse à Contagio Radio que, na segunda-feira passada, as pessoas estavam num bazar onde se recolhem fundos para actividades comunitárias, em Puerto Leguízamo, e os militares chegaram e começaram a disparar sobre elas, matando várias e ferindo outras.
Algumas ainda conseguiram escapar do local, por terra ou atirando-se para o rio, mas os militares perseguiram-nas e mataram-nas. Outras morreram, feridas, sob o olhar dos membros do Exército Nacional, disse a testemunha.
Depois, revela a Contagio Radio, os militares mudaram o local do crime de modo a justificar as mortes, tendo inclusive colocado espingardas nos mortos, para poder argumentar que estes pertenciam aos chamados «comandos de fronteira».
A testemunha afirmou ainda que os efectivos militares não permitiram a aproximação dos familiares das pessoas que estavam no bazar comunitário e tentaram esconder o que ali se estava a passar.
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