Marcelo Abdala, presidente do Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), afirmou que a central sindical, enquanto parte da «oposição forte» à reforma, participa «com todas as suas forças», na concentração convocada pela Intersocial, que reúne cerca de 20 organizações do movimento sindical, popular e social uruguaio.
Com o lema «Contra o modelo da desigualdade e a sua reforma das pensões», a mobilização foi agendada para as 18h30 (hora local) na capital uruguaia, Montevideu.
Em conferência de imprensa, na terça-feira, Abdala acusou o presidente da República, Luis Lacalle Pou, de mentir, tendo em conta a sua promessa eleitoral de não aumentar a idade da reforma, que, no actual projecto, se propõe mudar para os 65 anos.
O dirigente sindical disse que, «enquanto cresce o PIB no país e as previsões indicam que cresça acima dos 5%, ultrapassando as estimativas oficiais, o salário, as reformas, […] os pequenos e médios sectores da cidade e do campo, o comércio, a pequena indústria e agropecuária vêem os rendimentos diminuir».
Os salários não acompanham a riqueza nacional, o crescimento, referiu Abdala, sublinhando que isto «mostra que efectivamente se tem vindo a implementar um modelo de desigualdade». Tal «vê-se claramente no aumento da pobreza e na redução dos salários e das pensões», indica a TeleSur.
Aprofundamento da desigualdade
«Estamos num país onde o grupo dos malla oro [os mais ricos e poderosos] captura, praticamente, a maioria da riqueza gerada e consegue depositar 40 mil milhões de dólares no sistema financeiro», denunciou Abdala, para vincar a ideia de desigualdade.
«O projecto [da reforma] não diz nada da Segurança Social como um direito humano», sobre os cuidados à primeira infância, sobre a deficiência, a igualdade de género, a mulher ou o subsídio de desemprego, frisou.
Em vez disso, alertou o dirigente sindical, o projecto «aumenta a idade de reforma para vastíssimas camadas de trabalhadores, portanto, aumenta os anos de trabalho e o pior de tudo ainda é que diminui o montante das pensões».
Marcelo Abdala disse ainda que a central sindical vai pedir ao Parlamento que crie diálogo e negociação, de modo a caminhar para uma reforma social «intensa em direitos, financiada, solvente, solidária e necessária».
Ontem, véspera da mobilização, o secretariado executivo da PIT-CNT emitiu um comunicado afirmando que o projecto de reforma «aprofunda os aspectos mais regressivos do sistema actual, prejudica as grandes maiorias e é absolutamente inadequado para atender aos desafios do futuro do trabalho e da Segurança Social».
Face à «proposta negativa» do governo neoliberal, a declaração afirma a necessidade de um debate «com base na equidade contributiva, justiça e solidariedade».
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