Mensagem de erro

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Fidel

A opinião pública portuguesa, europeia e, a bem dizer, da maior parte do mundo, sem esquecer as Américas, continua a ser fuzilada pela metralha de insultos, mentiras e dislates mais ou menos idiotas – o que não significa pouco eficazes – sobre a figura historicamente imortal e humanamente inesquecível do Comandante Fidel Castro Ruz.

CréditosAlejandro Ernesto/EPA / Agência Lusa

Dir-se-á que o seu apagamento físico soltou a bílis há muito entranhada para esta ocasião, tal como acendeu os rastilhos dos foguetes bafientos de alguns gusanos que, em Miami e noutros lugares, continuam a sonhar com a Cuba bordel, a Cuba das mafias, a Cuba do contrabando e das negociatas clandestinas, a Cuba de todos os vícios dos ricaços norte-americanos, a Cuba colónia, quintalinho e caixote do lixo.

Os pobres de espírito, que não de intenções revanchistas e de má-fé, têm dificuldade em entender, ou fingem não entender, que não lhes basta fazer a festa, deitar os foguetes, apanhar as canas e disparar rajadas de mensagens construídas em laboriosas centrais de propaganda para liquidar a Cuba independente, tornada possível e consolidada por Fidel, seus companheiros e, sobretudo, pela vontade e coragem dos cubanos – do povo cubano.

Será que tais mentes enfezadas alguma vez pararam para pensar como é possível que a bem sucedida resistência de um país à ocupação estrangeira e criminosa de parte do território – como Guantánamo –, a um bloqueio asfixiante que ferra há quase sessenta anos, a sucessivas tentativas e ameaças constantes de invasões, golpes, conspirações e incentivos à expatriação, seja obra de um dirigente, de um aparelho repressivo de poder, de um partido?

Já se deram conta de que Cuba tem resistido a uma ofensiva esmagadora dos mais poderosos e concentrados meios de intoxicação ideológica atacando, sem alguma oposição, a partir de um território situado a menos de cem quilómetros, da outra margem do estreito?

Já imaginaram a coragem, o sentido de independência, a ousadia de um povo para resistir, como aconteceu durante os anos noventa, ao regresso à penúria de uma economia de sobrevivência – ao pé da qual a austeridade que nos foi imposta é uma penalidade benigna?

É verdade que ter ideias, formar opiniões, pensar fora da formatação oficial é, hoje em dia, nas nossas sociedades, um anacronismo, um atrevimento, quiçá a antecâmara do mais ameaçador terrorismo. O que importa é consumir doutores, comentadores, politólogos, desideólogos, mentirólogos, alter-egos de fulgêncios batistas, acenar-lhes ordeiramente e ficar com a informação necessária e suficiente para repetir no café, no metro, no emprego, se possível até no Parlamento.

Nos dias em que regimes políticos que se supunham sólidos ruíram fragorosamente com o muro de Berlim, sem dúvida porque, a dada altura dos seus caminhos históricos, perderam ou cortaram os vínculos com a sua essência, a ligação ao povo e os mecanismos para que este decidisse da sua vida, a Cuba independente e com os olhos no socialismo conseguiu sobreviver.

E sobreviveu paupérrima, isolada, amesquinhada, quase sem amigos, ridicularizada por aqueles que, de barriga cheia, anafados de «democracia» e «direitos humanos», profetizavam diariamente «o fim do regime» para o dia seguinte. Bastaria isso para que qualquer ser pensante se desse ao trabalho de se interrogar sobre as razões pelas quais a Cuba de referências socialistas não seguiu o destino – que hoje se percebe catastrófico – de outras nações «irmãs».

Falta de democracia? Sim, dessa coisa que obriga governos eleitos a terem de sujeitar os orçamentos de Estado aprovados por Parlamentos eleitos aos pareceres de grupos de sujeitos não eleitos, marionetas manipuladas por interesses tendencialmente mafiosos; essa coisa que obrigou o povo do mais poderoso país do mundo, o país que se permite tentar matar os vizinhos à fome, a escolher para presidente entre uma fascista com provas dadas e um fascista com ameaças por cumprir.

Violação dos direitos Humanos? Sim, dessa coisa que a NATO leva na boca dos canhões, nos bojos das aeronaves ao Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Palestina, Líbano, Iémen, Mali, República Centro Africana, Nigéria e lá onde lhe aprouver.

«Cuba livre nascida do idealismo e da coragem dos "barbudos" de Sierra Maestra está viva, ainda que chorando El Comandante, um dos seus, não um iluminado que tomou nas próprias mãos o destino

de um povo.»

Enquanto isto, a célebre oposição cubana, endeusada aqui e além, e também no Parlamento Europeu, continua a ter como ícone esse sénior e incontornável terrorista e criminoso chamado Posada Carriles. Um verdadeiro democrata, como está provado.

Na hora em que o Comandante Fidel Castro Ruz nos deixa, e principalmente se transforma numa imensa saudade para o povo cubano e os seus amigos, os ansiosos de revanchismo não se deram ao recato de, ao menos, respeitar esse direito humano de sempre, o direito ao luto.

Também não precisam de verter lágrimas de crocodilo porque, ao contrário do que profetizam, a Cuba independente e o povo cubano não ficam órfãos. Têm o seu sistema de vida. Estão habituados a provações e a que agora lhes aconteceu estava prevista no eterno ciclo da vida e da morte, não é uma traição, nem golpe, nem conspiração.

Cuba livre nascida do idealismo e da coragem dos «barbudos» de Sierra Maestra está viva, ainda que chorando El Comandante, um dos seus, não um iluminado que tomou nas próprias mãos o destino de um povo.

Os dias da despedida são já de um futuro no qual a Cuba livre e independente sabe que continuará a sua gesta de sempre, num ambiente infestado de fulgêncios batistas, contra as ganâncias das Monsanto e United Fruit deste mundo, das petrolíferas do costume e outras, das mil e uma mafias do turismo, do armamento, da droga, da química e farmacêutica, do jogo, da prostituição, do agroalimentar; ganância pelos bens e riquezas que são de todo o povo cubano.

A gesta de sempre contra o bloqueio, contra a ocupação de Guantánamo e contra os criminosos que mantêm estas situações, incluindo aqueles que usam e abusam do ilusionismo mediático prometendo revogá-las para melhor as sustentar.

Nestes dias, a evocação mais sincera e emocionada que é possível fazer da memória indestrutível do Comandante Fidel Castro Ruz é a de que a Cuba livre e independente está viva e pode contar com a solidariedade combativa de milhões e milhões de cubanos adoptivos em todo o mundo.

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