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|Obituário

Morreu Fernando Correia, jornalista e investigador do jornalismo

Fernando Correia, um dos decanos do jornalismo português, investigador na área do jornalismo e dos mídia, resistente antifascista e militante de longa data do PCP, faleceu aos 81 anos.

Fernando Correia (1942-2024) 
Fernando Correia (1942-2024) Créditos / Memoria Imaterial CRL/URAP/projeto MURAL da Câmara Municipal de Oeiras

Fernando António Pinheiro Correia nasceu a 4 de Julho de 1942, em Coimbra.

Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras (FL) da Universidade de Lisboa (UL), onde participou em diversas lutas académicas e foi dirigente associativo, nomeadamente da Pró-Associação da Faculdade de Letras e do Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL).

Foi, aliás, no quadro de desenvolvimento dessas lutas que, no ano de 1962, aderiu ao Partido Comunista Português (PCP), no qual permaneceria até ao final dos seus dias.

Foi jornalista profissional desde 1965, tendo uma das mais antigas carteiras profissionais, com o número 51. Foi redactor do Diário Popular entre 1966 e 1973 e do Diário de Lisboa entre 1973 e 1974. Entre 1970 e 1974 integrou o secretariado da redacção da mais importante revista da oposição antifascista, a Seara Nova, tendo a difícil missão de lidar com a Censura.

Sócio n.º 113 do Sindicato dos Jornalistas, integrou a direcção do mesmo em tempos de fascismo, durante o biénio 1973/1974.

Capa da revista Seara Nova n.º 1543, de Maio de 1974, preparado e produzido em liberdade  Créditos

Fez parte da primeira célula dos Jornalistas do PCP, ainda na clandestinidade, formada para responder aos desafios da crescente profissionalização da classe e da necessidade de a integrar na luta pela democracia.

Foi um dos últimos presos políticos do fascismo. Preso pela PIDE-DGS na madrugada de 18 de Abril, aguardava interrogatório no Forte de Caxias quando eclodiu a acção militar libertadora do Movimento dos Capitães. Libertado na madrugada de 27 de Abril, antes de regressar a casa ainda passou pela redacção do Diário de Lisboa, para deixar o relato dessas horas, o «Depoimento de um jornalista do ‘Diário de Lisboa’ hoje libertado em Caxias».

Nas novas condições políticas criadas pela Revolução dos Cravos, abre-se a porta à legalização do mais antigo jornal clandestino português, o Avante!.

A primeira página do primeiro Avante! legal, publicado em 17 de Maio de 1974 com uma tiragem de 500 mil exemplares  Créditos

Fernando Correia deu um precioso contributo para preparar a saída do primeiro número do Avante! legal, a 17 de Maio de 1974, nomeadamente disponibilizando a sua casa para a realização de reuniões preparatórias nas quais participou activamente, juntamente com o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, e alguns dos futuros redactores do jornal.

Foi redactor, jornalista e sub-chefe da redacção do Avante! entre Maio de 1974 e Janeiro de 1986. Em 1986, integrou o conselho de redacção da revista Vida Soviética. Colaborou regularmente com a Editorial Avante! nas suas edições. Foi membro permanente da redacção da revista O Militante e da revista Vértice.

Foi director editorial e membro da redacção da revista Jornalismo e Jornalistas, editada pelo Clube dos Jornalistas, desde o seu primeiro número (2000).

Com a renovação da Seara Nova, em 1985, voltou a colaborar com a revista, tendo um dos seus últimos trabalhos, «A Seara, a Censura e os jornalistas», sido publicado no número especial do Centenário (2021).

Escreveu, para o AbrilAbril, artigos sobre a ética jornalística e a situação do jornalismo e dos meios de comunicação, entre 2016 e 2019.

Pertenceu por diversas vezes, entre 1973 e 2012, aos corpos gerentes do Sindicato dos Jornalistas e aos corpos gerentes do Clube dos Jornalistas. Foi membro da Comissão Organizadora do Primeiro Congresso dos Jornalistas Portugueses (1982), da Comissão Executiva e da Comissão de Redacção do 2.º Congresso (1986) e da Comissão Organizadora e da Comissão de Redacção do 3.º Congresso (1998).

Foi membro do Conselho de Informação para a Imprensa (1978-1983) e do Conselho de Opinião da RTP (a partir de 2005), em ambos os casos eleito pela Assembleia da República.

Foi membro fundador do Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), em 1997, e da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM), em 1998.

Retomou a vida académica e concluiu o mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) em 1996, com a tese Os jornalistas e as notícias: a autonomia jornalística em questão.

Foi professor da Licenciatura em Comunicação e Jornalismo da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), que dirigiu entre 2008 e 2012, nos mestrados em Jornalismo, Política e História Contemporânea e em Comunicação nas Organizações (ULHT), e em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE). Leccionou na Pós-Graduação em Jornalismo (ISCTE e ESCS) e foi formador no Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (CENJOR).

Foi membro fundador do Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), em 1997, e da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM), em 1998. Coordenou e participou, com Carla Baptista, no projecto de investigação «Memórias Vivas do Jornalismo», realizado entre 2004 e 2006 no âmbito do CIMJ, do qual resultaram os livros Jornalistas do ofício à profissão: mudanças no jornalismo português 1956-1968 (2007) e Memórias vivas do jornalismo (2010).

É autor de vasta bibliografia sobre jornalismo, sobre a relação deste com a sociedade e sobre os conglomerados nos meios de comunicação, entre os quais se destacam Os jornalistas e as notícias (1998), Jornalismo e sociedade: introdução ao estudo e à prática do jornalismo enquanto fenómeno social (2000), Jornalismo, grupos económicos e democracia (2006) e Em defesa do jornalismo e dos jornalistas (2013).

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