|artes plásticas

Artes Visuais ainda confinadas

Apoio a artistas. Moira Forjaz na Fundação Eugénio de Almeida (Évora), Alfredo Cunha no Museu Quinta de Santiago (Leça da Palmeira), Projeto em Montemor e Bienal de Pintura de Pequeno Formato na Moita.

<p>Exposição de fotografia «Ilhéus» de Moira Forjaz no Centro de Arte e Cultura Moira Forjaz na Fundação Eugénio de Almeida em Évora.</p>
Créditos

Na noite de apresentação do Plano de Desconfinamento até à Páscoa, ficamos a saber que as artes visuais vão continuar mais três semanas encerradas, mantendo-se, assim, oportuno continuarmos a informar os projetos ou instituições que apresentam alguma programação em online, aguardando que alguns destes eventos possam ter em breve novas datas de reagendamento.

Foi ainda anunciado o prolongamento por três meses (março, abril e maio) do apoio único de 438,81 euros disponível para artistas e profissionais do setor da Cultura, desde fevereiro. Convém lembrar, acerca destes apoios, que a Associação de Artistas Visuais em Portugal, em comunicado de imprensa de 17 de fevereiro, veio a reclamar «o facto de uma parte significativa dos artistas visuais em Portugal, não poder, na realidade, vir a requerê-los» e que os mesmos apoiam, na verdade, uma minoria destes profissionais.

«Ilhéus» é uma exposição de fotografia de Moira Forjaz1 no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, programada estar aberta até 28 de março, que exibe uma série de retratos fotográficos de habitantes da Ilha de Moçambique, cidade geminada com Évora desde 1997.

«(…) Os anos 60 foram anos de luta. Luta contra o colonialismo. Foram anos de engajamento total e grandes (e)utopias. E os primeiros encontros em Joanesburgo marcaram para sempre a vida de Moira. Hillary Hamburger, Joe Slovo, Ruth First, e David Goldblatt, o fotógrafo conhecido pelas fotos durante o apartheid.

As detenções e o subsequente julgamento da liderança do ANC mudaram a história da África do Sul, tendo repercussões na história de Moira.

Foi sobretudo em Moçambique – onde encontrou o seu futuro marido, o arquiteto José Forjaz – que Moira desenvolveu a sua habilidade, tornando-se uma das fotógrafas oficiais do Presidente Samora Machel.

O engajamento político e social passou pela fotografia e pelo cinema, registando gentes, lutas, música, resgatando a vida com a sua miséria e a sua nobreza (…)»2.

Devido à pandemia a exposição encerrou em março de 2020 mas, no contexto do gradual desconfinamento, ainda em 2020, o Centro foi apresentando uma programação online «Fundação Consigo», que foi também agora, no novo confinamento de 2021, mantida e reforçada com outras actividade públicas ao ar livre, nos jardins e espaços exteriores do Centro de Arte e Cultura. Moira Forjaz, além dos trabalhos expostos, disponibiliza diversas narrativas na primeira pessoa dos fotografados. Previamente publicados em livro, os relatos abandonam agora esse lugar para, de viva voz, irem ao encontro dos seus ouvintes. Esses Retratos Falados podem ser encontrados aqui. Veja em vídeo a documentação das iniciativas do C.A.C. da F.E.A. para conhecer, recordar, documentar em Zoom in. Poderá também consultar a brochura da exposição.

O Museu Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, está inserido num edifício histórico, concluído presumivelmente em 1896, que foi construído para residência da família Santiago de Carvalho e Sousa, com projeto do arquiteto italiano Nicola Bigaglia. O Museu é composto por dois pisos: o primeiro é dedicado à história local e social e o segundo organiza exposições de longa duração, com exibição de obras do acervo da autarquia, destacando obras de António Carneiro, Agostinho Salgado, Augusto Gomes Aurélia de Souza e Joaquim Lopes. No jardim o visitante pode encontrar obras escultóricas de Siza Viera, Rui Anahory e Lagoa Henriques.

O Museu Quinta de Santiago3 apresenta na sua programação a exposição «O Tempo das Mulheres» do fotógrafo Alfredo Cunha4, agendada até 21 de Março. Esta exposição comemora os 50 anos de carreira do autor e resulta da seleção de imagens que compõem o livro com o mesmo título, com textos de Maria Antónia Palla. A associação destes dois nomes para esta publicação dedicada à mulher não se deve ao acaso, mas sim à história que ambos partilham: foi com Maria Antónia Palla, feminista ativista, com que Alfredo Cunha iniciou a sua carreira de fotojornalista. A seleção de fotografias aqui apresentada revela-nos a Mulher nos mais variados contextos, um pouco por todo o Mundo, demonstrando a diversidade, a beleza e a relevância das mulheres na sociedade. Em vídeo, o fotógrafo narra-nos duas curiosidades sobre o contexto em que duas fotografias presentes nesta exposição foram realizadas, a primeira num campo de refugiados de «Erbil» e a segunda numa aldeia de «Gurti Corà», no Niger.

«TV PRE0CUPADA» é um convite para participação em projeto artístico multidisciplinar de televisão, cuja primeira chamada é até 29 de março de 2021. A Oficinas do Convento – Associação Cultural de Arte e Comunicação, instalada em Montemor-o-Novo, que celebra este ano 25 anos, em parceria com a Associação Alma d’Arame, lança o desafio à comunidade cultural e artística para integrar um projeto de televisão. Tendo como mote a incerteza de um futuro próximo, tempos em que a coesão social se dissipa com restrições e há dificuldade de programar de forma inclusiva e aberta aos públicos, questionamos: de que forma conseguimos não perder mais contacto com as comunidades, cumprir com objetivos programáticos bem como responder de forma eficiente e atual às necessidades de publicação por parte das comunidades artísticas? Desta forma surge a ideia de fazer um projeto piloto para televisão, usando os recursos técnicos contemporâneos que nos permitirão a aproximação interativa com os espectadores a partir de uma estrutura clássica de programação televisiva, que pretende cumprir os objetivos de cada rubrica abordando os temas e tipologias programáticas de uma forma aberta, lançando questões acerca daquilo que é a comunicação, de que forma a processamos e de que forma desejamos que outros a processem. Todos os interessados – Escolas, Academias, Associações, sociedades, coletividades, cooperativas, projetos independentes, artistas visuais, atores, técnicos de imagem e som, músicos... todos os que podem encontrar na Televisão uma forma de expor os seus projetos!5">www.oficinasdoconvento.com

O CACAV-Círculo de Animação Cultural de Alhos Vedros foi fundado em 1986 e ao longo de mais de trinta anos desenvolveu um projeto cultural para Alhos Vedros, desde projeções de filmes, concursos de poesia e desenho, projetos de registro de memória, iniciativas na vertente ecológica e de defesa e preservação do ambiente, de arqueologia, de reconstituição histórica, de animação cultural e investigação, edição de livros e de colóquios e conferências. Destas atividades destacamos o projeto para a criação do Ecomuseu, as «Noites de Lua Cheia», os «Encontros de Outono» ou «Em Maio vamos Cantar Zeca Afonso», assim como nas artes visuais, uma das vertentes em que a CACAV também se envolveu, seja com a organização de exposições, a «Maratona de Fotografia» ou outros projetos de criação e formação artística como a «Oficina d’Artes», fazendo referência à criação do «Bienal de Pintura de Pequeno Formato», de âmbito nacional, projeto este, que viria posteriormente a ser realizada em parceria com as autarquias.

A X Bienal de Pintura de Pequeno Formato - Prémio Joaquim Afonso Madeira, uma organização conjunta da Câmara Municipal da Moita, Junta de Freguesia de Alhos Vedros e CACAV - Círculo de Animação Cultural de Alhos Vedros, já se realiza desde 2003 e serão atribuídos dois prémios, o Prémio Joaquim Afonso Madeira (prémio aquisição) atribuído pela Câmara Municipal da Moita no valor de 1.000 euros e o Prémio Revelação (prémio aquisição) atribuído pela Junta de Freguesia de Alhos Vedros no valor de 350 euros. O regulamento da Bienal de Pintura de Pequeno Formato pode ser consultado aqui e a candidatura pode realizar-se de 1 a 31 de março, com preenchimento do formulário e envio de foto da obra6. Será realizada uma exposição dos trabalhos selecionados e premiados, no espaço FAVO – Fábrica de Artes Visuais e Ofícios, em Alhos Vedros, no período de 3 de julho a 1 de agosto.

  • 1. Moira Forjaz nasceu no Zimbabué, em 1942. Estudou Artes Gráficas na School of Arts and Design de Joanesburgo. Trabalhou como fotojornalista na África do Sul e, a partir de 1975, como realizadora e fotógrafa documental de artes em Moçambique. Vive na Ilha de Moçambique onde trabalha em conjunto com a comunidade local, em vários projetos sociais.
  • 2. Excerto do texto de Paola Rolletta, curadora da exposição «Ilhéus».
  • 3. Museu Quinta de Santiago. Rua de Vila Franca, 134. Leça da Palmeira. Horário: Terça-feira a sexta-feira das 10h às 18h; Sábados, domingos e feriados das 15h às 18h.
  • 4. Alfredo Cunha (n. Celorico de Basto, 1953) ingressou nos quadros do jornal O Século, tendo sido fotógrafo oficial dos presidentes da república António Ramalho Eanes e Mário Soares. Foi objeto de diversas distinções, entre as quais se destacam a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, em 1996, e o Prémio de Fotojornalismo Visão/BES, em 2007 e 2008. Tem executado séries de fotografias dedicadas ao 25 de abril e à descolonização portuguesa e desde 1972 que publica diversos livros. Fixou-se no Norte do país nos últimos anos, onde tem vindo a colaborar frequentemente com jornais, tendo sido editor chefe do jornal Público e do Jornal de Notícias.
  • 5. Vê como participar/mais informações em 6. Para mais informações poderão efetuar um contacto através do tel. 967747637 ou do correio eletrónico [email protected], ou ainda na página da Câmara Municipal da Moita ou da CACAV.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui