TVDE: 280 horas de trabalho mensal «não dão para viver»

Na capital, centena e meia de motoristas de transporte individual de passageiros em veículos descaracterizados (TVDE) concentraram-se esta manhã na Avenida da Liberdade. Os profissionais começaram a reunir-se às 7h na Avenida D. João V, junto aos escritórios da Uber (uma das duas plataformas de TVDE a operar em Portugal, a par da Bolt), seguindo depois até à Avenida da Liberdade, onde vão permanecer até às 21h. À RTP, os testemunhos de vários motoristas das plataformas dão conta da precariedade em que vivem. «Eu trabalho cerca de 70 horas por semana e não tenho uma vida condigna, luto contra mim e contra o meu corpo, não tenho vida social, perco o meu dia-a-dia aqui», afirmou Tiago Gouveia, ao microfone da televisão pública. «Não dá para viver, tenho que fazer sempre [horas] a mais para ganhar uma coisa surreal, abaixo do salário mínimo», acrescentou. 

A Lei 45/2018 estipula que «o operador da plataforma electrónica pode cobrar uma taxa de intermediação, a qual não pode ser superior a 25 % do valor da viagem calculada nos termos dos números anteriores». Na prática, não é isso que acontece, como conta outro dos manifestantes, que fala em cobranças da Uber de 30%, 35% e valores superiores. Os motoristas queixam-se de estarem à mercê das plataformas por trabalharem com tarifas que variam ao longo do dia, reclamando a necessidade de o Governo estabelecer um limite-base de forma a que as tarifas não possam descer. 

Entre as reivindicações destes profissionais está a redução da comissão das plataformas de 25% para 15%, o aumento da actual tarifa mínima ao cliente por viagem para 4,25 euros até três quilómetros e ainda o pagamento do quilómetro até à recolha do cliente. Entretanto, a luta já começou a dar frutos. Hoje, os motoristas ficaram a saber que a tarifa mínima anual vai variar entre 3,60 e 4,50 euros, em vez dos 2,80 euros actuais. 

Além de Lisboa, os motoristas de TVDE vão concentrar-se em Coimbra, Faro, Porto e Leiria, esta quinta-feira.