Neste fim-de-semana, foram agredidos e espancados pelo menos 15 trabalhadores e imigrantes nas zonas da Batalha e do Campo 24 de Agosto, no Porto. Estes linchamentos, incluindo a invasão de uma casa, foram levados a cabo por um grupo neo-nazi, encapuzados e armado com bastões, tacos de baseball e armas de fogo. Várias das vítimas continuam hospitalizadas.
Na manhã de 6 de Maio, o Expresso, Público e Diário de Notícias confirmaram que os agressores pertencem ao 1143, um grupo nazi e nacionalista liderado pelo neo-nazi Mário Machado, criminoso envolvido no assassinato de Alcindo Monteiro em 1995, entre outros crimes de ódio e violência.
Estes ataques, movidos pelo ódio, confirmam que, «contrariamente ao que afirma a extrema-direita, em Portugal existe racismo, xenofobia e intolerância perante a diferença», defende a Federação Nacional de Professores (Fenprof/CGTP-IN). É, aliás, essa mesma extrema-direita «a principal promotora daqueles sentimentos antidemocráticos que, como aconteceu agora, muitas vezes se expressam em actos criminosos que deverão ser exemplarmente punidos pela Justiça».
Na sua tomada de posição, a maior organização representativa de professores em Portugal «insta os docentes a corresponderem ao apelo da UNESCO, dando combate ao discurso de ódio que prolifera na sociedade»: a inclusão dos imigrantes e refugiados nas escolas portuguesas, «que já hoje representam 10% da população escolar», deve ser uma das prioridades dos educadores.
Para além das parcerias entre os sindicatos que compõe a Fenprof e organizações como o Conselho Português para os Refugiados, a Associação de Professores para a Educação Intercultural ou o SOS Racismo, a federação sindical tem um papel activo num projecto europeu (promovido pela ETUCE - European Trade Union Committee for Education) sobre imigrantes e refugiados e a sua integração na escola e na sociedade.
No âmbito deste projecto, em Outubro de 2024, a Fenprof vai realizar uma iniciativa em Lisboa, envolvendo escolas, autarcas e organizações não governamentais, sobre o assunto. «Tudo o que possa ser feito em prol da democracia e do respeito pela outra pessoa nunca será demais».
Fenprof considera que a extrema-direita está «impregnada de ódio, xenofobia, racismo e intolerância»
Ainda que os culpados dos ataques racistas de 5 de Maio sejam julgados e condenados, é fundamental não esquecer o papel da extrema-direita, que preside, hoje, à Comissão de Educação, Ciência e Cultura na Assembleia da República. Essa mesma extrema-direita que considera que os últimos 50 anos de democracia, como afirmaram nas comemorações do 25 de Abril, foram mais nefastos do que «a perseguição, prisão, tortura, morte, colonialismo e pobreza extrema» que definiram a ditadura fascista.
«Afirmações daquele tipo e outras proferidas por gente da extrema-direita, impregnadas de ódio, xenofobia, racismo e intolerância, contribuem para que aconteçam actos criminosos como os que tiveram lugar no Porto».
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