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A Justiça decretou a desapropriação e o MST ocupou a Usina Cambahyba

O local, onde foram incinerados corpos na ditadura, está intimamente ligado à história de luta dos sem-terra, que há mais de 20 anos ansiavam pela desapropriação da usina para fins de reforma agrária.

CréditosPaulo Vergara / Brasil de Fato

Na madrugada da passada quinta-feira, 300 famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma das fazendas que pertencem ao Complexo da Cambahyba, da antiga Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (estado do Rio de Janeiro).

A acção teve lugar um mês e meio depois de a Justiça decretar a desapropriação de três fazendas ali localizadas – Cambahyba, Saquarema e Flora – para fins de reforma agrária.

As terras são alvo de disputa há 21 anos, a partir das ocupações organizadas pelo MST. A última delas, baptizada como acampamento Luís Maranhão, foi estruturada em 2012 e permaneceu activa até meados de 2019, refere o Brasil de Fato.

Desta vez, a ocupação foi designada como Acampamento Cícero Guedes, em alusão ao membro da direcção estadual do MST que foi executado a tiro dentro da usina, em 25 de Janeiro de 2013.

De acordo com uma nota emitida pelo MST, a ocupação está a ser construída com o apoio de diversas organizações, sindicatos, entidades de direitos humanos, entidades religiosas, partidos políticos e movimentos populares do município de Campos, na região do Norte Fluminense.

No mesmo texto, o MST explica que «as famílias que participam na ocupação são oriundas de diversos territórios de resistência da região, de processos de lutas actuais e anteriores, como os agricultores de São João da Barra despejados do Porto do Açu, trabalhadores do corte de cana de Floresta, membros da Ocupação Nova Horizonte de Guarus e integrantes do antigo acampamento Luís Maranhão».

Uma longa história de luta pela terra e melhores condições de vida

O Complexo da Cambahyba é formado por sete fazendas, com cerca de 3500 hectares. Em 1998, o Governo Federal considerou as suas terras improdutivas e passíveis de desapropriação para fins de reforma agrária.

No entanto, 14 anos depois o processo estava paralisado e, em Junho de 2012, um juiz federal considerou o local improdutivo. As terras eram então controladas pelos herdeiros de Heli Ribeiro Gomes, político fluminense eleito deputado federal, em 1958, e empossado vice-governador biónico do Rio de Janeiro, em 1968.

Nesse ano de 2012, a editora Topbooks publicava o livro Memórias de Uma Guerra Suja, com depoimentos do antigo delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra. Aí apareciam relatos sobre a utilização dos fornos da usina para incinerar corpos de militantes políticos – algo que Guerra viria a confirmar em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em 2014.

Na nota que publicou esta quinta-feira, a propósito da ocupação, o MST destacou que «a história da Usina Cambahyba é a expressão da formação da grande propriedade e da exploração da força de trabalho e do meio ambiente no Brasil».

«Ocupámos pela memória daqueles que foram silenciados e desaparecidos pela desumanidade do poder. Daqueles que foram torturados, assassinados na ditadura empresarial-militar», afirma o MST.

«Ocupámos as terras da Cambahyba para exigir justiça para Cícero Guedes, grande liderança do MST que lutou activamente para ver o chão conquistado e as famílias trabalhadoras com melhores condições de vida», diz o movimento, que homenageia todos os que deram as suas vidas «pelo tão sonhado direito à terra, a efectivação da Reforma Agrária e o fim do trabalho escravo nos latifúndios açucareiros, em Campos dos Goytacazes».

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