O chefe de Estado recordou, esta segunda-feira, a luta do general Augusto Sandino pela soberania e autodeterminação do país centro-americano, e sublinhou o papel de vanguarda assumido pelas mulheres na revolução.
«Sinto que me encho de energia do general Sandino (...). As mulheres nunca retrocederam na luta contra a hegemonia, nem se renderam, defenderam a Pátria», disse, citado pela TeleSur.
As comemorações – ainda em formato reduzido devido à pandemia – encheram de alegria e cor as ruas de Manágua e muitas outras localidades onde os sandinistas festejaram a gesta libertadora contra a ditadura de Anastasio Somoza.
A 19 de Julho de 1979, a guerrilha da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e o povo nicaraguense que a apoiou entraram na capital e consolidaram o triunfo revolucionário, dois dias depois de o ditador ter fugido do país para Miami e a Guarda Nacional se ter rendido.
O dia 17 de Julho, hoje Dia da Alegria, ficou marcado pelo «trilho de botas, uniformes e espingardas dos que abandonavam o traje [militar] para se disfarçarem de civis e fugirem», como lembrou o escritor e advogado nicaraguense Alejandro Bravo.
A constante ingerência e os ataques dos Estados Unidos ao país não foram esquecidos por Daniel Ortega, que afirmou que o país continua em luta. «Apesar das tentativas do império para nos destruir, aqui estamos de pé e avançando (...). A nossa economia continua a crescer por entre os golpes do imperialismo», frisou.
O presidente destacou ainda que, mesmo com as tentativas de golpe de Estado, as sanções ilegais impostas ao país – económicas, financeiras e comerciais – e a pandemia, a Nicarágua continua a desenvolver-se. «Aqui, na Nicarágua, a tendência da economia é para ser cada vez mais estável», referiu.
Ao ilustrar essa «estabilidade» e a obra feita pela Revolução Sandinista na sua segunda etapa (2007-2021), Ortega referiu-se à entrega de 501 380 títulos de propriedade, urbana e rural, e, o que é mais importante, a sua inscrição no registo, para que nenhum latifundiário ou terratenente a possa arrebatar.
Ortega dirigiu-se à administração dos EUA para lhe recordar que a época da hegemonia sobre o mundo já acabou, instou à defesa da soberania nacional e lembrou que, no país, estão em curso várias investigações contra «as famosas organizações não governamentais», que «lavaram dinheiro para espalhar o terrorismo na Nicarágua».
Presidente da Assembleia Nacional destaca que o poder depende do povo, da vontade do povo
Gustavo Porras, deputado da FSLN e presidente do Parlamento da Nicarágua, disse ao Canal Cuatro que, no modelo nicaraguense, a forma de exercer o poder «depende do povo, está sobre os ombros e a vontade do povo nicaraguense, e estamos a demonstrá-lo».
Porras destacou que o país centro-americano irá acabar o ano de 2021 com um crescimento económico próximo dos 4% do produto interno bruto (PIB) e defendeu que na Nicarágua existem possibilidades para todos.
A garantia dos direitos à Saúde, à Educação e ao trabalho, bem como o programa de construção de novas escolas e hospitais, foi destacado pelo responsável político, para quem o 19 de Julho representa, também, o início da celebração da resistência indígena face ao colonialismo espanhol e da luta contra os filibusteiros norte-americanos, informa a Prensa Latina.
Conquistas da Revolução Sandinista
Vários dirigentes políticos mundiais – de Cuba, da Venezuela, da Bolívia, da Rússia, da ALBA-TCP, entre outros – saudaram o governo da Nicarágua por ocasião do 42.º aniversário do triunfo de uma revolução que, como a cubana, foi ganha de armas na mão em defesa do povo oprimido e empobrecido pela ditadura.
Nestas mais de quatro décadas, os avanços são inegáveis, a vários níveis. A Educação gratuita e de qualidade, a cobertura universal da Saúde, a democratização da propriedade da terra e o combate à pobreza são algumas das grandes transformações levadas a cabo pelos governos sandinistas.
Na área da Saúde, houve uma grande aposta na construção de infra-estrusturas (ao nível dos cuidados primários, hospitais nacionais e departamentais); a mortalidade materna diminuiu 59% entre 2006 e 2018, e a mortalidade infantil, 58%, segundo refere a TeleSur.
A gratuitidade da saúde para todo o povo da Nicarágua foi declarada com a chegada ao poder da FSLN, em 1979. Com o novo modelo, foi possível acabar com a poliomelite (em 1982) e controlar doenças como a tosse convulsa e o sarampo.
A área da Educação fica marcada pela Cruzada Nacional de Alfabetização, promovida pelo governo sandinista logo após o triunfo da revolução e que permitiu reduzir o analfabetismo no país de níveis superiores a 50% para 12% – um avanço que foi reconhecido pela Unesco em 1981.
A par do carácter gratuito e de qualidade, a partir de 2007 o governo de Daniel Ortega apostou na valorização profissional dos docentes, bem como numa série de programas de apoio social aos estudantes.
O combate à pobreza (que foi reduzida de 48% para metade) e à pobreza extrema (que diminuiu 20%, passando para 6,3%, segundo dados da TeleSur) esteve e continua a estar entre as metas dos sandinistas.
Com o triunfo da revolução e as políticas a favor do povo, muitos nicaraguenses tiveram acesso à habitação, a água potável e saneamento. Além disso, foi construída uma extensa rede rodoviária, de estradas e caminhos, e alargou-se a cobertura da rede eléctrica nacional, que hoje abrange a quase totalidade do território.
As mulheres passaram a assumir um papel mais destacado na sociedade, a nível social, político e económico, e a segurança aumentou – ao ponto de a Nicarágua ocupar o primeiro lugar entre os países centro-americanos, de acordo com a TeleSur.
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