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Uma nova explosão

A paranóia da redução dos défices públicos, a qualquer preço, tolhe o investimento público e pressiona os salários para a sua baixa. 

Agudizam-se as contradições e conjugam-se factores que poderão levar a uma nova explosão na crise que persiste, e com efeitos mais devastadores do que as anteriores.

Ela pode dar-se a qualquer momento e poderá ser muito difícil evitá-la. A sensação que se tem é que os principais decisores – designadamente os governadores de bancos centrais, ministros das finanças e banqueiros – perderam o controlo da situação.

Não querem resolver o problema das dívidas nem eliminar a parte que cresceu com a agiotagem dos mercados, apesar de saberem que estas são impagáveis.

Injectam liquidez nos bancos a níveis sem precedentes tentando deste modo, segundo dizem, vencer a deflação. Mas, não só a pressão deflacionista se mantém, como a liquidez não chega às empresas, nem à economia em geral, pois os banqueiros preferem a rentabilidade fácil – produtos derivados, especulação – e as negociatas do costume, aumentando ainda mais o capital fictício.

O dito reforço da regulamentação bancária ficou, no essencial, pelas aparências para a opinião pública ver, e a banca sombra - banca paralela – continua a crescer sem regulamentação que se veja.

«Colocar as rotativas a imprimir euros a todo o vapor, sem resolver o problema do poder aquisitivo das massas, da sobreacumulação, da actividade económica e do investimento, é a fuga para a frente, alimentando novas e mais volumosas 'bolhas' especulativas.»

A paranóia da redução dos défices públicos, a qualquer preço, tolhe o investimento público e pressiona os salários para a sua baixa. Sem mercado interno e com os mercados externos a serem atingidos por diversas crises, o investimento produtivo privado não avança e prefere as actividades de casino, alimentando com os bancos as pirâmides tipo Dona Branca ou Ponzi.

Wolfgang Münchau afirmava, num artigo publicado no Diário de Notícias, em 14 de Dezembro de 2015: «o objectivo oficial dos programas do Banco Central Europeu (BCE) de compra de activos do sector público e privado – o chamado Quantitative Easing (QE), é alcançar um nível de inflação mais elevado». Acrescentava ainda que a «monetização da dívida é a razão do QE» mas que, certamente, poucos governadores do BCE o reconheceriam!

Concluía, afirmando que «a zona Euro iria continuar com a impressão de dinheiro à moda antiga, sob um qualquer disfarce geral».

Simplesmente, o colocar as rotativas a imprimir euros a todo o vapor, sem resolver o problema do poder aquisitivo das massas, da sobreacumulação, da actividade económica e do investimento, é a fuga para a frente, alimentando novas e mais volumosas «bolhas» especulativas.

A japonização das economias da União Europeia (UE) é uma ameaça real, por isso não faltam as propostas de injecções monetárias, ou as do tipo de Ben Bernanke, de lançamento de obrigações perpétuas, ou ainda as do tipo Helicopter Money.

Ao longo destes anos, cortaram-se salários, pensões e serviços públicos, canalizando milhões para a banca privada, que o mesmo é dizer para os banqueiros e grandes accionistas, sempre com o argumento de que a banca é fundamental para a economia. A banca é, os banqueiros é que não.

O processo foi tão evidente e escandaloso que a UE inventou a «resolução bancária» para dar a ideia de que, no futuro, os contribuintes não iriam ser chamados a pagar a factura.

Mas, perante a sucessão de casos de bancos à beira do precipício – Itália, Alemanha – renovam-se as propostas dos «bancos maus» para o Estado pagar a factura, como aquela que Vítor Constâncio também veio agora propor em Madrid: «uma reflexão profunda sobre a possibilidade de um pequeno apoio público, para melhorar alguns sectores bancários».

Repare-se na expressão deste «socialista»: «um pequeno» apoio público, isto é, uns tremoços e uns amendoins. Um pequeno apoio público para os bancos privados, para a oligarquia da crise.

O que nos dirá o Vítor Constâncio, do BPN, na próxima explosão? Certamente o que nos disse Carlos Costa: «sinto a frustração de um polícia que chega sempre atrasado ao local do homicídio».
 

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