É algo que se tem repetido um pouco por todo o país. Várias organizações de agricultores, filiadas da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) «têm promovido iniciativas de luta e reclamação em defesa dos agricultores e da produção nacional». É o caso da marcha lenta que a ADACO, em conjunto com uma comissão de agicultores convocou para o dia 29 de Abril.
De acordo com os promotores, a acção visa reclamar, junto ao Ministério da Agricultura, o Governo e demais órgãos de soberania, «medidas eficazes para acudir à difícil situação que, no caso, se vive nos campos do Baixo Mondego».
Os altos custos de produção no sector, com a especulação galopante «nos combustíveis, na energia eléctrica, nas rações, adubos e mesmo na maquinaria», continua a asfixiar a agricultura. Conjugado com um escoamento cada vez complicado dos produtos e os baixos preços pagos pelos produtos, a situação torna-se completamente incomportável.
A discussão do Orçamento do Estado para 2022 representa a ocasião perfeita, salienta a CNA e a ADACO, para vincar o quão «necessárias e urgentes são as medidas para apoiar o trabalho, a produção agro-alimentar e os rendimentos dos agricultores».
A marcha lenta de tractores arranca logo às 9h da manhã do dia 29 de Abril, partindo do recinto da feira de Montemor-o-Velho com destino a Coimbra.
Consequências da entrada na Comunidade Económica Europeia continuam a fazer-se sentir
«Todo este contexto nocivo continua a garrotear e a forçar ao abandono da actividade agrícola», lamenta, em comunicado enviado ao AbrilAbril, a CNA.
Dados divulgados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, com base em números da Pordata, confirmam essa perspectiva, expressando a grave situação do sector: Entre 1989 e 2019, 900 mil pessoas abandonaram a agricultura, fazendo de Portugal o 5.º país da União Europeia com menor percentagem de trabalhadores agrícolas por 100 mil habitantes.
A adesão à União Europeia teve efeitos quase imediatos na Agricultura, forçando quase meio milhão de agricultores a procurar outra ocupação na década que se lhe seguiu.
Portugal tinha, no ano de 2019, 650 mil trabalhadores na área da agricultura, mas a hemorragia de trabalhadores está longe de estar estancada. Em média, 30 mil pessoas por ano continuam a abandonar esta profissão, pondo seriamente em risco a soberania alimentar do país.
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