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Passar uma borracha na memória da capital

Lisboa deixou-se seduzir pela massificação do turismo. O património cultural da cidade, servido através de lojas cuja história alimentou o próprio ADN da baixa lisboeta e pela realização de ofícios que a globalização não permitiu que vingassem, está a ser apagado para dar lugar à primeira necessidade dos turistas: o alojamento.

A loja de confecções Paris em Lisboa está na Rua Garrett desde 1888
A loja de confecções Paris em Lisboa está na Rua Garrett desde 1888Créditos

A erradicação do património vivo que caracterizou a baixa de Lisboa, desde o Chiado à Rua Augusta, passando por várias artérias conhecidas pelos artífices que em tempo as ocuparam e de cujo labor resultaram os topónimos, deriva da aplicação de políticas que menosprezam quem vive e trabalha na capital, em detrimento de grandes interesses privados.

A todas as lojas e emblemáticos restaurantes que encerraram nos últimos anos – a cada dia que passa surge a notícia de mais um desaparecimento – faltou uma verdadeira política de urbanismo.

A Lei do Arrendamento criada pelo governo do PSD e do CDS-PP, com a então ministra Assunção Cristas a assumir a responsabilidade directa, e o excesso de licenciamento para a construção de hotéis por parte do Executivo de Fernando Medina na Câmara de Lisboa, têm sido uma boa alavanca para despejar a cidade do comércio histórico.

Seja porque as rendas aumentaram de forma exponencial, porque os contratos de arrendamento não foram renovados ou porque fundos imobiliários estrangeiros, enquanto proprietários, resolveram mandar embora os inquilinos a fim de realizarem as obras que têm dado origem a hotéis, vários espaços comerciais não têm encontrado alternativa a encerrar para sempre. Os emblemáticos Café Pirata, na Praça dos Restauradores, e a loja de confecções Paris em Lisboa, no Largo do Chiado, são os mais recentes casos em risco.

A aposta no turismo, que tem vindo a consolidar-se como «indústria» – notícias recentes apontam uma nova subida em 2017 –, não pode desmerecer nem desvalorizar o tecido social, económico e cultural da cidade. De resto, a massificação do turismo e da uniformização das componentes endógenas coloca em risco a sua própria existência.

Urge travar as políticas que levam a vida das zonas históricas da cidade, e implementar medidas de desenvolvimento e prosperidade para quem cá vive e trabalha.

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