Mensagem de erro

User warning: The following module is missing from the file system: standard. For information about how to fix this, see the documentation page. in _drupal_trigger_error_with_delayed_logging() (line 1143 of /home/abrilabril/public_html/includes/bootstrap.inc).

O palhaço triste

Mais ou menos polido, o discurso do presidente do Eurogrupo é o mesmo que conduziu a política económica e social portuguesa entre 2011 e 2015.

CréditosPvdA / CC BY 2.0

As palavras do (ainda) ministro das Finanças da Holanda, (ainda) presidente do Eurogrupo revelam mais do próprio que dos alvos a que se destinavam. Esta manhã ouvia-se: «Não devia estar a falar das mulheres operárias têxteis que ganham o salário mínimo português nem dos copos que já não se produzem na indústria vidreira que a União Europeia ajudou a destruir.»

Mas o que Dijsselbloem disse não é novo e o grotesco não deve fazer-nos esquecer que a sua verborreia não é diferente do que outros disseram, cá e lá, de forma mais polida. «Não podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades», disse Cavaco Silva em Maio de 2011. «Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto», disse Alexandre Mestre, secretário de Estado do anterior governo, em Outubro de 2011. «Não devemos ser piegas», disse Passos Coelho em Fevereiro de 2012.

Curiosamente, os que ontem defenderam a tese hoje rasgam as vestes face às declarações de um governante que está prestes a deixar de o ser, cujo partido e governo sofreram, há uma semana, uma derrota a toda a linha nas eleições holandesas.

Mais ou menos polido, o discurso do presidente do Eurogrupo é o mesmo que conduziu a política económica e social portuguesa entre 2011 e 2015: a política de «as pessoas estão pior, mas o País está muito melhor», de Luís Montenegro, em Fevereiro de 2014, transformado por Passos em «o País está pior, embora as pessoas não estejam bem conscientes disso», em Outubro de 2016.

Para a direita, o País é uma folha de Excel onde se tira sempre dos rendimentos dos trabalhadores, dos reformados, dos pequenos e médios empresários para pagar uma dívida que vai encher os cofres dos megabancos europeus.

A dependência externa de Portugal foi provocada pela mesma União Europeia de que Dijsselbloem é dirigente. Foi assim com a destruição da produção nacional, com a entrega da soberania monetária ao Banco Central Europeu e com a imposição do programa da troika.

Nesta semana recheada de celebrações a propósito dos 60 anos do Tratado de Roma, abordaremos estas questões, com o contributo de Carlos Carvalhas, João Ferreira do Amaral, João Rodrigues e José Goulão.

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui